Invasão asiática muda cenário do setor automotivo

As invasões de carros chineses, japoneses e coreanos assustam, cada vez mais, o mercado automobilístico brasileiro e os empregados do setor. O primeiro faz promoções para competir também com os importados asiáticos. O risco é que os itens de série dos “nacionais” sejam reduzidos e se invista menos em tecnologia e mão-de-obra para que o custo final do veículo caia. O segundo pode perder postos de trabalho, por conta de todo esse cenário. Para piorar, as fábricas da Ásia pouco investem por aqui e algumas nem uma simples linha de montagem querem construir.

A Ford, por exemplo, entrou firme na concorrência dos preços baixos. O Ka 2012, versão motor 1.0, será revendido, em agosto, por R$ 24.500,00. Ficou R$ 1 mil a menos que o básico atual. Esse carro já virá sem as travas elétricas das portas, a abertura remota do porta-malas e o alarme, itens presentes nos veículos de 2011. A montadora não confirma, mas é possível que esse já seja um indício da concorrência selvagem.

Os números ajudam na percepção de tudo isso. De acordo com os últimos dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a participação nas vendas dos importados, que era de 5% em 2005, deve chegar aos 23% neste ano. Além disso, a cada três veículos comprados no Brasil, um terá vindo de fora.

A chinesa Lifan é uma das indústrias asiáticas que vão ter fábrica no Brasil (veja texto abaixo), mas as peças dos carros ainda deverão ser importadas. Ou seja, é o que a maioria das asiáticas fazem. Trocando em miúdos, investem pouco e, consequentemente, não geram muitos empregos. Outras bem maiores como JAC Motors não acenam sequer com a construção de uma linha de montagem.

De acordo com Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o caminho é negociar com essas montadoras da Ásia para que se encontre uma fórmula ideal para todo mundo. “O cenário correto é que elas lucrem mais com a construção de uma fábrica no Brasil, inclusive com a fabricação de peças”, disse. “Nossa preocupação é com a falta de geração de empregos no setor.”

Para o Sindicato, o maior temor é que ocorra uma inversão no que se denomina Balança Comercial Favorável (quando se exporta mais que importa). “Se a importação for maior, não vamos abrir novos postos de trabalho no setor automotivo”, afirma.

Do ABCD Maior