Investimento de montadora irradia para todo o setor automotivo
“É o primeiro resultado da negociação que fizemos com a empresa”, disse Wagner Santana, o Wagnão. Foto: Paulo de Souza/SMABC
O secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, afirmou ontem que investimentos realizados por montadoras, como os R$ 250 milhões que a Volks colocou na linha da Saveiro, em São Bernardo, refletem diretamente no crescimento do setor automotivo e no desenvolvimento do ABC.
“A montadora faz o projeto do novo carro, dá as especificações, mas são as empresas da cadeia produtiva que irão desenvolver e fabricar praticamente todos os agregados e acessórios”, destacou o dirigente.
“O mais importante desses investimentos é a garantia dos postos de trabalho nas empresas e a permanência das plantas no ABC”, completou Wagnão.
Tribuna Metalúrgica – Por que a Volks decidiu fazer o investimento?
Wagner Santana – Ele é o primeiro resultado efetivo da negociação que fizemos com a empresa e resultou no acordo aprovado pelos trabalhadores em março do ano passado, com a garantia de investimentos na fábrica de São Bernardo até 2017, pelo menos.
TM – A planta na Anchieta teve que ser alterada para receber a nova linha?
WS – Não, porque a nova linha da Saveiro passou a ocupar um espaço na planta que estava desativado e servia de depósito desde a transferência da fábrica de motores para São Carlos, no final da década de 90.
TM – O que mais está previsto em investimentos pelo acordo?
WS – Além da Saveiro, que é produzida exclusivamente pela fábrica de São Bernardo, o acordo garante a produção do novo Gol e ainda prevê a fabricação de um novo carro sedan.
TM – O que significa a vinda deste novo produto?
WS – Desde o encerramento da produção do Santana, a Volks não produzia um carro médio em São Bernardo. Essa retomada significa uma aposta neste segmento de mercado, que quer um carro com mais conforto e mais tecnologia embarcada, mas também considera o preço final.
TM – Este novo carro pode desenvolver o setor automotivo da região? De que maneira?
WS – Sim. A montadora faz o projeto do novo carro, dá as especificações, mas são as empresas da cadeia produtiva que irão desenvolver e fabricar praticamente todos os agregados e acessórios, como faróis, equipamentos, ferramentais, revestimentos de porta, painel, eletro-eletrônicos, pneus, entre outros.
TM – O que garante essa demanda às empresas brasileiras?
WS – As exigências do novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto, que condiciona incentivos fiscais pela utilização de conteúdo nacional. Por isso, as autopeças precisam estar capacitadas para fornecer às montadoras.
TM – Você pode dar um exemplo de como uma nova linha beneficia uma empresa da cadeia automotiva no ABC?
WS – Um bom exemplo está na B. Grob, que desenvolveu toda a linha de produção para os motores que são fabricados pela Volks, em sua planta de São Carlos.
TM – O que você destacaria como principal neste acordo do Sindicato com a Volks e também nos acordos com outras montadoras, como a Ford e a Scania?
WS – O principal é a garantia dos postos de trabalho, pela permanência das plantas no ABC. A região tem um grande potencial no setor automotivo que está em sua mão de obra, no conhecimento que os trabalhadores têm do setor, e foi isso que possibilitou ao Sindicato fazer estas negociações com a Volks, a Ford e a Scania.
Da Redação