Ipea defende sistema público para qualificação profissional
Na avaliação de Márcio Pochmann, a escassez de mão de obra para determinados segmentos representa um cenário que coloca em xeque o próprio sistema de formação brasileiro
A constituição de um sistema público de empregos que promova a qualificação dos trabalhadores é um desafio que o Brasil precisa encarar. A opinião é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann.
Na avaliação de Márcio Pochmann, a escassez de mão de obra para determinados segmentos representa um cenário que coloca em xeque o próprio sistema de formação brasileiro que, antes mesmo da crise financeira internacional, não conseguia fazer com que as exigências do sistema patronal fossem atendidas em termos de mão de obra qualificada.
“Isso se deve, de um lado, ao fato de não termos constituído no Brasil um bom sistema que integrasse os esforços que faz o setor privado, através do Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], por exemplo, com os esforços que faz o próprio setor público, através das escolas técnicas e dos programas de qualificação do governo federal, governos estaduais e municipais”, enfatizou.
Para o presidente do Ipea, em meio à situação de crise econômica internacional, a qualificação profissional é ainda mais urgente. Segundo Pochmann, dentro do universo de pessoas desempregadas há um grande efetivo de indivíduos com baixa escolaridade, o que também contribui para o desemprego.
“O tema da qualificação profissional se apresenta de forma mais urgente porque há uma reestruturação nas contratações, tendo em vista as limitações que as empresas estão vivendo. A qualificação é um dos pré-requisitos para enfrentamento do desemprego no Brasil. Superaremos o desemprego quando, de um lado, conseguirmos gerar mais empregos e, de outro, quando prepararmos melhor essa mão de obra”, concluiu.
Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na última sexta-feira (22), mais de 60% dos 8 milhões de trabalhadores que estavam desocupados em 2007 nunca tinham frequentado cursos de educação profissional, segmento que inclui aulas de qualificação para o trabalho, curso técnico de nível médio e graduação tecnológica.
Do PT