Ipea: desacelera tendência de queda na qualidade do desenvolvimento brasileiro
O Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD) apurado para março aponta a primeira mudança de tendência desde o início da crise
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulg ou nesta quinta-feira (28) o Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD) apurado em abril, que mostrou, mais uma vez, em março, que o desenvolvimento brasileiro continuava instável. Segundo a análise, “os resultados ruins do último trimestre de 2008 – conseqüentes da crise internacional – continuaram influenciando negativamente a tendência dos indicadores”.
O IQD de março (221,2 pontos) indica uma significativa desaceleração na tendência de queda na qualidade do desenvolvimento brasileiro.
Destaques do IQD de março
Observa-se que o Índice de Qualidade do Crescimento é o único que ainda mantém a tendência de piora. Em março, a qualidade do crescimento ficou em 200,2 pontos, em contrapartida aos 209,2 pontos de fevereiro. O número, no entanto, esconde o crescimento da produção de bens de consumo duráveis em 28,8%, de bens de capital em 14,3% e de bens intermediários de 16,0%. Esse movimento refletiu-se na expectativa dos empresários que melhoraram suas expectativas em 8,4% no mesmo período. O resultado ruim ficou com a folha real de salários na indústria que caiu 12,4% entre fevereiro e março. A variável ambiental manteve o resultado anterior devido à média dos 12 meses, fechada em março, indicar menor número médio de queimadas e haver redução da emissão de CO2 industrial.
O Índice de Qualidade da Inserção Externa se apresentou estável em março, atingindo semelhantes 175,7 pontos de fevereiro. Apesar da estabilidade referente ao mês anterior, ainda é o subíndice de pior resultado prejudicando a trajetória recente do desenvolvimento do país. A manutenção do índice ocorreu devido ao balanço entre o aumento em 1,9% nas reservas (após cinco meses de queda) e a redução de 1,3% na participação dos produtos manufaturados no total exportado pelo país. Já o investimento estrangeiro direto cresceu mais uma vez sua participação no total de investimento estrangeiro e os termos de troca ainda não iniciaram a reversão dos seus resultados negativos dos meses anteriores.
O Índice de Qualidade do Bem-Estar, por mais um mês consecutivo, continua sendo o único subíndice a apresentar boa qualidade. Com 305,6 pontos em março, manteve-se estável em relação a fevereiro devido a: aumento de 0,2% no percentual de trabalhadores formais; queda de 1,1% na desigualdade de renda, medida pelo índice de Gini; e aumento de 73,5 mil pessoas com rendimento superior a R$ 1.610,00. Em contrapartida, a taxa de desemprego cresceu 5,9% (passando de 8,5% para 9%).
Metodologia
O IQD (Índice de Qualidade do Desenvolvimento) é uma pesquisa mensal realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que capta se o desenvolvimento vivido pelo país contempla os requisitos de crescimento econômico com distribuição dos frutos do progresso e, também, aponta se este movimento tende a sustentar-se no tempo.
O IQD agrega dados de três subíndices: Índice de Qualidade do Crescimento (cujas variáveis são produção setorial, massa salarial, confiança dos empresários e meio ambiente); Índice de Qualidade da Inserção Externa (composição das exportações, investimento estrangeiro, termos de troca, renda líquida enviada ao exterior e reservas internacionais); Índice de Qualidade do Bem-Estar (taxa de pobreza, mobilidade social, desigualdade de renda, desemprego e ocupação formal).
Cada um dos índices varia entre zero (péssimo para o desenvolvimento) e 500 (ótimo para o desenvolvimento), e a média dessazonalizada dos três resulta no Índice de Qualidade do Desenvolvimento.
Do Ipea