Ipea: desigualdade e pobreza caíram no Brasil durante a crise

Com juros mais elevados, o governo era obrigado a pagar mais sobre os serviços da dívida, reduzindo os investimentos em infraestrutura e em políticas sociais, além de aumentar a carga tributária

Comunicado da Presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, mesmo em meio à instabilidade, houve melhora histórica nos indicadores de desigualdade e pobreza. O resultado será apresentado nesta terça-feira (4), no Comunicado da Presidência nº 25, “Desigualdade e Pobreza no Brasil Metropolitano Durante a Crise Internacional: Primeiros Resultados”.

O estudo revela que, ao contrário de outros períodos de grave manifestação de crise econômica no Brasil (1982-1983, 1989-1990 e 1998-1999), que causaram mais pobreza nas regiões metropolitanas, desta vez houve diminuição do empobrecimento no País desde o último trimestre de 2008. A melhora é considerada histórica.

Segundo avaliação do deputado Pepe Vargas (PT-RS), o atual governo tem adotado um receituário distinto dos governos neoliberais que o antecederam. “Nos anos anteriores, a política econômica adotada durante a crise aumentava as taxas de juros com o argumento de que evitaria a fuga de capitais o que, consequentemente, aumentava a pressão sobre a dívida pública”, disse.

Com juros mais elevados, o governo era obrigado a pagar mais sobre os serviços da dívida, reduzindo os investimentos em infraestrutura e em políticas sociais, além de aumentar a carga tributária.

Segundo Pepe Vargas, esse conjunto de medidas produzia um resultado perverso para o desenvolvimento do país. “Essas medidas equivocadas contra a crise levavam o país a uma situação de mais crise ainda, ao contrário do efeito das medidas adotadas hoje”.

“O que nosso governo fez perante a crise foi reduzir a taxa de juros, reduzir o superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) e reduzir alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do Imposto de Renda. Consequentemente, o governo teve recursos para continuar investindo em infraestrutura e políticas sociais, como o aumento do salário mínimo e do bolsa família. Isso leva a mais distribuição de renda e redução da pobreza”, afirmou.

Estudo – Em junho, o índice de Gini (que mede o grau de distribuição da renda) alcançou nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil seu menor patamar (0,493), em conformidade com a Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é usado para medir desigualdade e varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, mais desigual é a sociedade). As metrópoles analisadas foram Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).

Entre dezembro de 2002 (considerado o mês de mais alta medida de desigualdade no País) e junho de 2009, o índice caiu 9,5%. Desde janeiro deste ano, a queda foi de 4,1%.

O estudo também analisa a redução na taxa de pobreza nas regiões metropolitanas e conclui que a velocidade de queda foi diferente em cada uma: São Paulo, Salvador e Recife tiveram desempenho pior que Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Do Informes PT