IPI menor para carros deve ir até junho, mas para construção pode ser estendido
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, descarta a possibilidade de o governo voltar a renovar a redução para a compra de automóveis, mas acredita que o governo deve manter a medida para a construção civil
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, descartou a possibilidade de o governo voltar a renovar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de automóveis. Ele garantiu que o benefício deve terminar em 30 de junho, conforme o previsto.
Os setores de materiais de construção e de eletrodomésticos da linha branca também foram beneficiados por redução de IPI. Para estimular a construção de casas populares do programa “Minha Casa Minha Vida”, Jorge acredita que o governo deve manter a medida para a construção civil. Na linha branca, ele disse que ainda é cedo para avaliar.
“Não vejo necessidade de uma nova renovação [para automóveis]. A economia começa a voltar ao normal”, disse Jorge, após participar de um evento no consulado britânico, em São Paulo. “Houve um aumento importante no salário mínimo e as últimas indicações são de que o emprego em abril teve um resultado satisfatório em tempos de crise”, completou.
O ministro estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2% este ano e prevê recuperação da economia no segundo semestre. A estimativa está muito acima da média do mercado, que fica próxima de zero. “Não acredito em pesquisas de banco. Já trabalhei em banco e vi como essas estimativas são feitas”, criticou. Antes de entrar para o governo, Jorge esteve no Santander e na Volkswagen.
O prazo inicial para a vigência da redução do IPI para automóveis era 31 de março, mas o governo decidiu renovar o benefício por conta do impacto positivo nas vendas. A desoneração começou em dezembro, com a isenção de IPI para carros populares e redução para os demais modelos. Foi uma das principais medidas anticíclicas do governo para combater os efeitos da crise internacional.
Na avaliação do ministro, as vendas de automóveis tiveram um bom desempenho em abril e continuam sendo favorecidas pela redução do imposto. “Na média diária, que é o que conta, as vendas em abril continuaram praticamente no mesmo patamar do ano passado”, disse. Segundo dados coletados com as empresas, as vendas de automóveis chegaram em 234 mil unidades em abril, 10% abaixo de abril de 2008. Pela média diária, a queda é de 6%. O resultado é considerado positivo em meio à crise, já que as vendas em abril do ano passado subiram 46% em relação a abril de 2007.
O titular da pasta do Desenvolvimento não prevê novas desonerações tributárias para outros setores, como máquinas ou têxtil. “Todos estão pedindo, mas temos que avaliar o impacto na cadeia produtiva e se é possível avaliar a transferência do IPI para o preço cobrado do consumidor”. Em março, antes da renovação do IPI, o Ministério do Desenvolvimento divulgou uma nota oficial informando que o benefício não seria renovado. Apesar de favorável, Jorge preferiu negar a medida, para não estimular os consumidores a postergar a decisão de compra do veículo.
Do Valor Econômico