“Ir contra a jornada 6×1 não é só uma questão de mais tempo de descanso ou de qualidade de vida, é uma questão de dignidade”
Com auditório lotado, Sindicato recebeu deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) para um debate sobre o fim da escala 6x1

Os Metalúrgicos do ABC receberam, na última sexta-feira, 15, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) para um debate sobre o fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários, pauta histórica do movimento sindical. O encontro foi promovido em conjunto com a CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) e a FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos de São Paulo).

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, a presença da deputada reforça a mobilização da categoria em torno da pauta. “A companheira Erika Hilton é uma aliada fundamental na luta pela redução de jornada, sem redução de salários, e pelo fim da escala 6×1. Seguimos mobilizados e não vamos parar até avançarmos nesta pauta da classe trabalhadora”, destacou.
“Nós não somos arquitetos nem engenheiros, mas temos um projeto: o projeto da classe trabalhadora. Em resumo, nada mais é do que o direito de ser feliz. Produzimos a riqueza, então temos direito a ela. E a Erika faz parte desse projeto, é uma companheira guerreira que luta pela classe trabalhadora deste país”, completou o presidente.
Ninguém merece

A deputada destacou que a pauta é uma questão de dignidade. “Ir contra a jornada 6×1 não é só uma questão de mais tempo de descanso ou de qualidade de vida, é uma questão de dignidade. Ninguém merece ter apenas um dia de descanso e ter que dar sua força de trabalho durante os outros seis dias da semana para, no fim do mês, receber apenas uma parcelinha do pagamento, enquanto os patrões esbanjam o fruto da riqueza produzida pelos trabalhadores”.
Melhor produtividade
A deputada também defendeu que a redução da jornada é uma medida viável, que traz benefícios tanto aos trabalhadores quanto à economia como um todo. “A redução da jornada de trabalho não trará nenhum prejuízo ao país. Ela não diminuirá a produtividade, muito pelo contrário. Descansado, com qualidade de vida e engajado no seu trabalho, o trabalhador produz muito melhor, trabalha com mais vontade e vai mais feliz para a sua atividade. Com a quantidade de processos movidos por acidente de trabalho e por adoecimento ocupacional, o Brasil só tem a ganhar com a redução da jornada. E eu quero dizer que nós vamos derrubar a 6×1 neste país”, defendeu.
Dirigentes
Os dirigentes também destacaram a relevância do assunto durante o encontro.
“O fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho são duas pautas históricas do movimento sindical. Esta é uma grande oportunidade para discutirmos o tema”, reforçou o secretário-geral da Federação, Max Pinho.
“As pessoas que trabalham em lojas, hospitais e em algumas fábricas estão submetidas à escala 6×1. Elas só têm um dia para descansar, cuidar da casa, de si mesmas, estudar. Não aguentamos mais isso”, destacou a diretora executiva do Sindicato, Andréa de Sousa, a Nega.
“Estamos defendendo algo que eu diria ser um sonho: trabalhar menos, ganhar mais e ser mais felizes. A vida não é só trabalho, a vida também é descanso. Não somos máquinas de produção, somos seres humanos. E é isso que a campanha da CNM tem defendido em todo o Brasil”, afirmou o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira.
“Além de estar no solo sagrado da classe trabalhadora, você está no Sindicato que mais negociou redução de jornada de trabalho neste país. Aliás, foi aqui que tudo começou no final da década de 1980 com o presidente Lula e toda diretoria”, lembrou o deputado estadual Teonilio Barba (PT-SP).