Isenção do IR até R$ 5 mil é passo histórico para justiça tributária, afirma Sindicato

Em audiência pública, secretário-geral da entidade afirmou que medida garante dignidade, fortalece economia e devolve poder de compra aos trabalhadores e trabalhadoras

Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

A ampliação da isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5 mil mensais foi apontada como um passo decisivo rumo à justiça tributária no país durante audiência pública realizada na quinta-feira, 16, no Senado Federal, em Brasília. O debate, promovido pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e presidido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), reuniu trabalhadores, sindicalistas e parlamentares de diversos estados. Entre eles, o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, que levou à tribuna a voz da categoria.

Logo no início de sua fala, Claudionor destacou o impacto direto da proposta na vida de milhões de famílias brasileiras. “A isenção do IR até R$ 5 mil é um passo histórico para a justiça tributária”, afirmou. “Na nossa base, com 74 mil metalúrgicos, 37 mil serão totalmente isentos e outros 11 mil terão redução no IR. São mais de R$ 50 milhões por ano voltando para o bolso dos metalúrgicos e metalúrgicas do ABC”.

O dirigente também criticou a incoerência de setores do Congresso Nacional que tentam barrar o avanço da proposta. “É triste ver que, quando se trata de uma medida que beneficia os mais pobres, falam em aumento de impostos. Mas ninguém questiona os mais de R$ 800 bilhões em isenções concedidas às grandes empresas. Isso, sim, deveria causar indignação”, ressaltou.

O PL (Projeto de Lei) nº 1.087/2025, relatado por Renan Calheiros, propõe isenção total para rendas de até R$ 5 mil e redução progressiva até R$ 7.350. A medida deve beneficiar 15,5 milhões de brasileiros, devolvendo poder de compra aos trabalhadores. Para compensar a renúncia fiscal, será criado um imposto mínimo de 10% sobre rendas anuais acima de R$ 600 mil, cerca de 141 mil contribuintes de alta renda que hoje pagam, em média, apenas 2,5% sobre seus ganhos.

Na audiência

Durante o debate, Claudionor reforçou o apelo para que o Senado garanta a aprovação do projeto e impeça manobras políticas que possam atrasar o avanço da proposta. “Há quem tente travar o debate por ideologia, não por preocupação com o povo. O Brasil espera respostas concretas, e o Senado tem a chance de marcar a história com essa votação”, defendeu. O dirigente também retomou uma reivindicação antiga da categoria: a isenção do IR sobre a PLR (Participação nos Lucros e Resultados). “A PLR não é renda, é fruto do trabalho. Garantir essa isenção é mais uma forma de valorizar quem realmente produz a riqueza do país.”

Encerrando sua fala, Claudionor citou o economista Michal Kalecki para sintetizar o espírito da proposta: “O rico ganha o que gasta e o pobre gasta o que ganha.” A frase, destacou o dirigente, simboliza a importância de políticas que redistribuam renda e estimulem o consumo das famílias. “Esse projeto é sobre permitir que o trabalhador tenha mais dignidade, pague suas contas, invista na família e realize seus sonhos”.

Tramitação rápida

Durante a audiência, o senador Renan Calheiros criticou a demora da votação na Câmara dos Deputados e classificou como “inacreditável” que um projeto que beneficia cerca de 90% da população tenha sido usado como “instrumento de chantagem” para negociar outras matérias, como a PEC do Mandato Parlamentar (PEC 3/2021) e a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro de 2023.

O relator defendeu a tramitação rápida do texto no Senado: “Esse projeto terá uma tramitação célere e aqui nós não teremos lobistas influindo na matéria. Não vamos permitir que o projeto seja usado para pautar temas que não interessam à sociedade, como blindagem ou anistia”.