JAC e Hyundai planejam ter centro de pesquisa no País

 

O novo regime automotivo, que já teve a lei publicada em setembro e agora espera por regulamentação do governo federal, vai levar a pelo menos uma mudança prática em algumas das montadoras instaladas no País: a criação de centros de desenvolvimento de produtos em território brasileiro. Este é o caso da Hyundai e da JAC Motors, conforme diretores das duas empresas afirmaram durante painel realizado nesta quarta-feira no Congresso SAE Brasil 2012, na capital paulista. As empresas aguardam a publicação do decreto com todas as regras do Inovar-Auto, como o governo nomeou o novo regime, para darem andamento aos planos de criação dos centros de pesquisa no Brasil.

O diretor de Engenharia e Cadeia de Suprimentos da JAC Motors, Marcelo Sorato, afirmou que a construção de centros de desenvolvimento no Brasil pode se tornar uma tendência entre as montadoras já que o Inovar-Auto prevê incentivos fiscais para investimentos em pesquisa e inovação. De acordo com ele, um futuro centro desse tipo deverá ser construído dentro do parque fabril em Camaçari (BA), onde a JAC ergue a sua primeira unidade produtiva no País.

“A JAC tem, sim, intenção de trazer um centro de pesquisa e desenvolvimento para o Brasil e, inclusive, no projeto da fábrica já temos áreas designadas para isso”, afirmou Sorato. Ele, no entanto, deixou claro que o plano ainda é “embrionário” e não há detalhamentos, como o tamanho do investimento e quando o centro ficará pronto – a fábrica na Bahia tem previsão de começar a produção em meados de 2014. A JAC, atualmente, possui três centros de desenvolvimento, um na China, um segundo no Japão e outro na Itália, onde é feito todo o design dos modelos da empresa.

O gerente sênior de Assuntos Corporativos da Hyundai, Ricardo Martins, diz que a empresa necessita esperar a publicação do detalhamento do Inovar-Auto antes de levar à matriz, na Coreia do Sul, o plano de criação de um centro de pesquisa no Brasil. O executivo afirmou que, em um primeiro momento, a Hyundai do Brasil poderá optar por parcerias com centros de tecnologia para atender as exigências do Inovar-Auto em investimento em pesquisa e inovação. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) é um forte candidato a parceiro da montadora coreana.

De acordo com Martins, o novo regime automotivo ainda prevê, como possibilidade para as montadoras atingirem as exigências de investimento em pesquisa e inovação, a aplicação em um fundo. Essa reserva será utilizada para financiar centros de pesquisa no País e programas de tecnologia, como o Ciência sem Fronteiras, do governo federal. “O que a empresa deixar de aplicar em pesquisa será recolhido para um fundo nacional de desenvolvimento e inovação”, disse.

Autopeças

O gerente da Divisão de Chassis Systems da Bosch, Marcelo Araujo, acredita que o fundamental para a cadeia de autopeças no Brasil é que o novo regime automotivo garanta um número de pedidos sustentável para as indústrias do setor durante os anos em que a lei estiver em vigor. “Precisamos acabar com a variação abrupta de pedidos e o fantasma das importações para que as autopeças possam planejar seus investimentos de longo prazo”, afirmou.

O dirigente da Bosch admitiu que parte da cadeia de autopeças perdeu a competitividade nos últimos anos e que a entrada em vigor do novo regime automotivo é uma oportunidade para as empresas do Brasil retomarem mercado. “Precisamos usar esse momento para repensar o nosso processo produtivo para que ele seja mais eficiente”, disse Araujo.

 

Da Redação