Juros altos: O impacto sobre a dívida
A alta das taxas de juros provoca um efeito danoso na dívida brasileira. Em janeiro, aumentou R$ 16 bilhões e chegou a R$ 827 bilhões.
A elevação dos juros aumenta a despesa com a administração da dívida. Por outro lado, é bom para investidores que compram títulos do governo federal (bancos e fundos de investimento, principalmente), já que eles irão receber uma remuneração maior pela operação.
É a especulação. Ao invés de investir em produção e gerar emprego, quem tem dinheiro, como as empresas, vão para o mercado financeiro.
A taxa básica de juros (Selic) subiu 2,75% entre setembro de 2004 a fevereiro deste ano. Como essa taxa serve para remunerar mais da metade dos empréstimos feitos por investidores ao governo por meio da compra de títulos, quanto maior a taxa, mais cresce a dívida.
Em agosto, a dívida estava em R$ 761,77 bilhões. Ou seja, até janeiro, em apenas cinco meses de crescimento dos juros, a dívida cresceu R$ 64,93 bilhões, quase cinco vezes mais que o orçamento do Ministério da Saúde.
CUT quer mudar Conselho
Para o presidente da CUT, Luiz Marinho, não é mais possível apenas reclamar da política de juros conservadora adotada pelo Banco Central. “Está na hora de mudar as bases que sustentam esta política, ou seja, o Conselho Monetário Nacional (CMN)”, afirma.
Segundo Marinho, a CUT lançará uma campanha pela mudança na composição do CMN. Ele é o órgão responsável pela definição de metas de inflação e juros.
Para a Central, é preciso ampliar o CMN à participação de representantes dos setores produtivos, inclusive trabalhadores. “Hoje são apenas os ministros da Fazenda e do Planejamento e o presidente do Banco Central. Sua ampliação é a maneira de mudar a política de juros e permitir que o País garanta seu desenvolvimento”, finalizou Marinho.