Justiça à Irmã Dorothy: Pena de mandante é maior que a do executor

O fazendeiro Vitalmiro
Bastos de Moura, o Bida, foi
condenado a 30 anos de prisão
pela morte da missionária
Dorothy Stang, em fevereiro
de 2005, em Anapu, no
Pará. Foi a primeira vez no
Brasil que o mandante de um
assassinato teve a sentença
maior que a do executor.
Rayfran das Neves, condenado
por ter atirado na religiosa,
foi sentenciado a 27 anos.

Cabe recurso, mas Bida
não poderá recorrer da sentença
em liberdade, como
queria a defesa.

O resultado do julgamento
foi comemorado por
900 agricultores de vários
municípios que acompanhavam
o julgamento em frente
ao Tribunal de Justiça.

Dorothy Stang foi morta
a tiros em fevereiro de
2005, em Anapu, pela sua
defesa na implantação de assentamentos
para trabalhadores
rurais em terras públicas
que eram reivindicadas
por fazendeiros e madeireiros
da região.

Ela trabalhou durante 30 anos em pequenas comunidades
da Amazônia pelo
direito à terra e à exploração
sustentável da floresta.

Os dois pistoleiros que a
mataram, Rayfran das Neves
Sales e Clodoaldo Carlos Batista,
e o homem que os contratou,
Amair Feijoli da Cunha,
já foram julgados, condenados
e estão presos.

Ainda falta ir a julgamento
outro fazendeiro que
também é acusado de ser um
dos mandantes do crime.
Reginaldo Pereira Galvão
aguarda o júri em liberdade.

Impunidade está longe de terminar

O coordenador nacional
da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), José Batista
Afonso, considerou a condenação
do fazendeiro um
acontecimento histórico e
pediu o mesmo tratamento
em casos semelhantes.

Ele destacou a rapidez com que o processo tramitou
na Justiça, mas lamentou que
o mesmo não aconteceu a
outros episódios de violência,
o que reforça o sentimento de
impunidade no campo.

Segundo a CPT, nos últimos
20 anos, registraram-se
1.104 ocorrências de conflitos
no campo, que resultaram
no assassinato de 1.464
trabalhadores.

Destas ocorrências, somente
85 foram levadas a
julgamento.

Foram condenados 71
executores e somente 19
mandantes.