Lançamento de livro no Sindicato resgata luta operária na Motores Perkins-Maxion
‘Memórias da Luta de Classe’ será lançado neste sábado, 2, às 10h, na Sede do Sindicato, em São Bernardo. Obra resgata resistência e organização de trabalhadores e trabalhadoras na fábrica

O Sindicato realiza neste sábado, 2, às 10h, na Sede, em São Bernardo, o lançamento do livro ‘Memórias da Luta de Classe – A histórica união e organização dos trabalhadores e trabalhadoras na Motores Perkins-Maxion’ (Editora Coopacesso). A publicação resgata a trajetória de resistência e mobilização dos operários na fábrica que marcou gerações no ABC paulista.
A obra nasceu com a criação da ASTRAMP (Associação dos Ex-Trabalhadores e Trabalhadoras na Perkins-Maxion) e foi viabilizada com recursos arrecadados pelos próprios companheiros. A narrativa coletiva se constrói por meio de entrevistas, boletins, documentos e imagens inéditas, dando voz a quem encarou jornadas exaustivas, maquinários obsoletos e chantagens patronais. A autoria é do sociólogo Eduardo Magalhães Rodrigues.
Ex-integrante da Comissão de Fábrica, Luiz Rodrigues, o Luizinho, lembrou que o fechamento da planta em 1996 foi consequência direta da política de abertura comercial do governo Fernando Henrique Cardoso. “Nós já sabíamos que, com aquela decisão, a empresa não teria mais como competir aqui e acabaria indo embora”, afirmou. O encerramento das atividades ocorreu de forma sorrateira, durante as férias coletivas dos trabalhadores, com caminhões transportando os equipamentos rumo a Canoas (RS).
A publicação também denuncia o envolvimento da empresa com a ditadura civil-militar, como o desaparecimento de uma trabalhadora na área administrativa e a tentativa de sequestro de um operário. Casos que evidenciam a conivência patronal com a repressão, prática recorrente entre grandes montadoras da região naquele período.
Lutas e memórias
Com apresentação do ex-presidente do Sindicato e hoje deputado federal, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e prefácio do presidente da Fundação Perseu Abramo e ex-dirigente sindical da entidade, Paulo Okamotto, o livro revela como a categoria enfrentou a exploração com solidariedade, consciência e inteligência coletiva. Entre as conquistas relatadas, estão a jornada de 44 horas semanais, o salário profissional e a estruturação das CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes).
Mas a obra também retrata o lado humano da militância: os campeonatos esportivos, saraus, ações solidárias e episódios cômicos vividos pelos trabalhadores. Como o caso do companheiro que, ao entregar uma cesta básica, foi surpreendido por um homem armado e precisou fugir sob gritos e susto, história que virou motivo de risadas nas rodas de conversa da companheirada.
Mais do que um registro histórico, ‘Memórias da Luta de Classe’ é um testemunho coletivo de coragem, denúncia e esperança. “Uma leitura indispensável para quem acredita que o chão da fábrica é, também, chão de luta e transformação”, resumiu Luizinho.