Lei de Cotas completa 29 anos com desafios para a inclusão das pessoas com deficiência
Ao completar 29 anos da Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, a CUT organizou uma série de debates online sobre o tema.
O coordenador da Comissão de Metalúrgicos do ABC com Deficiência e vice-presidente da Abea (Associação Brasileira de Emprego Apoiado), Sebastião Ismael de Sousa, o Cabelo, participou da live “Lei de Cotas e os Desafios para a Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho”, no último dia 24, data da criação da Lei de Cotas.
Cabelo ressaltou que não há o que comemorar nos 29 anos da Lei de Cotas, a luta é contínua pela real efetivação da lei e para barrar retrocessos do governo Bolsonaro.
“A situação é crítica com o alto desemprego no desgoverno Bolsonaro. As pessoas já demoram muito tempo para conseguir um emprego, as pessoas com deficiência demoram mais tempo ainda. Todas as pessoas têm potencial, basta acreditar, dar condições e acessibilidade, inclusive com plano de carreira. Essa é a nossa luta constante”, afirmou.
“Percebemos, não só em empresas metalúrgicas, mas em todas, que o capital é cruel. Contratam pessoas com deficiência mais leve, ou seja, a maioria surdos, para não ter que adaptar o posto de trabalho. Mas acessibilidade não é só a rampa ou piso tátil, é ter intérprete de libras para a comunicação com os surdos, por exemplo. Não é deixar a pessoa isolada, tem que ser inclusivo. E uma empresa que escolhe contratar só deficiência mais leve deveria ser punida por discriminação”, defendeu.
Participaram do debate o economista do Dieese, Leandro Horie; a auditora fiscal do Trabalho e coordenadora do Projeto de Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho em Santa Catarina, Luciana Xavier; e um dos coordenadores do coletivo Nacional de Trabalhadores com Deficiências da CUT, José Roberto Santana da Silva. Confira a íntegra da live nas redes da CUT.
Desemprego
De acordo com o técnico Dieese, neste período de pandemia da Covid-19 foram fechados 1,1 milhão de postos de trabalho no país. Dessas vagas, quase 150 mil eram pessoas com deficiência. Ou seja, as pessoas com deficiência representam 1% do mercado de trabalho formal, mas sofreram 10% de desligamentos nessa pandemia.
“Em toda queda de produção, os primeiros na lista de corte das empresas são as pessoas com deficiência. Além de não cumprir a Lei de Cotas, ainda mandam embora. A nossa luta é por inclusão no mercado de trabalho e na sociedade”, concluiu Cabelo.