Leia o Bilhete do João Ferrador
Companheirada Metalúrgica do ABC do meu Brasil,
Estou de volta para comemorar o 52º aniversário do nosso sindicato.
Com muito orgulho, revejo o companheiro Lula, amizade que começou 40 anos atrás, quando escrevi o primeiro bilhete na Tribuna. Depois, o Sindicato me deixou meio de lado, Lula foi comandar o País, conseguiu, deu certo, mandou bem. E a vida mudou pra melhor.
Olha, Lula, desde que nos separamos fiquei de olho em você. Fui guardando um monte de coisa sobre você e a batalha para transformar este Brasil no que ele é hoje. Quis fazer uma lista lembrando tudo. Mas o pessoal da Tribuna não deixou. Disseram que é um “problema de espaço”.
Então, companheiro Lula, repito sua frase naquele congresso da CNM: nunca antes na história da humanidade o nosso Brasilzão avançou tanto. Um economista da Fundação Getúlio Vargas disse até que: “em oito anos, o governo Lula fez o que estava previsto para ser feito em 25 anos”.
Isso mostra o quanto progredimos. Isso me deixa ainda mais orgulhoso por batizar um prêmio que vai te homenagear
Mas, Lula, você não esteve sozinho nessa luta toda, não. A companheirada aqui não negou fogo. Nem quando foi pra te defender, nem quando foi pra cobrar, nem quando foi pra te lembrar que tinha gente do seu lado fingindo de aliado, mas torcendo contra.
Na noite de hoje reunimos aqui uma parte desses lutadores. Para homenageá-los, junto com você, pela luta que fazemos como irmãos e irmãs, um ajudando o outro. É uma alegria fazer isso em nosso aniversário de 52 anos.
Cada homenageado é muito simbólico em sua área.
Tem o pessoal da reciclagem, um trabalho de formiguinha, naqueles carrinhos que andam pelas ruas ajudando a limpar nossas cidades e tornar o nosso ambiente mais protegido. Ah, eles pedem pra te agradecer por receber o movimento lá no Palácio do Planalto, muitas vezes. E pedem sua atenção para a violência que ainda existe contra esse povo. Ontem mesmo, teve manifestação de protesto contra novos assassinatos de moradores de rua, em São Paulo
O movimento de moradia nos mandou o companheiro Gegê, batalhador por cidades onde todos tenham casa e sejam incluídos como cidadãos iguais. Ele acaba de se livrar de uma injusta perseguição, sendo absolvido por 7 a 0 num julgamento que armaram para atacar a luta dos sem-teto.
Na área de educação reunimos também a Educafro, que trabalha para garantir acesso à universidade para os negros e pobres, e também a Maria Helena, por sua luta reforçando a leitura nos grupos de alfabetização.
Na vida cultural, apresentamos a Central das Favelas e o rapper Happin’ Hood, com seu trabalho juntando arte e conscientização para a cidadania.
Todos os homenageados e finalistas, como você viu, fazem parte da mesma luta sua, da mesma luta do nosso Sindicato, para garantir direitos e propiciar felicidade ao ser humano.
Pra me despedir, já respondo a quem ler este bilhete e estranhar a minha calma, lembrando daquele tempo em que minha frase era “hoje eu não tô bom”.
Se é pra repetir, vamos lá: hoje eu não tô bom é com esses safados que mentem o tempo todo para esconder que o Brasil mudou. Mentem do mesmo jeito que faziam sobre nossas greves e assembléias da Vila Euclides. Mentem para negar que nosso País recuperou a esperança e a confiança em si mesmo. Obrigado, velho Lula.
João Ferrador