Leve alta em janeiro não inverte tendência de queda para o desemprego em 2011
Elevação no início do ano é normal, lembram técnicos do Dieese e do Seade. Eles preveem que, mesmo com ritmo menor da economia, taxas continuarão caindo. A taxa de São Paulo foi a menor para o mês em 20 anos. Emprego com carteira segue em alta
A taxa média de desemprego calculada pelo Dieese e pela Fundação Seade em seis regiões metropolitanas e no Distrito Federal subiu para 10,4% em janeiro, ante 10,1% em dezembro. Em relação a janeiro de 2010 (12,4%), houve queda de dois pontos percentuais. O movimento nesta época é considerado normal pelos técnicos, que apostam em uma redução ao longo do ano, mesmo que a economia cresça em ritmo menos intenso. “Embora tenha subido, comparadas a janeiro de 2010 as taxas estão muito mais baixas. O cenário de o desemprego não cair é o menos provável”, afirmou o economista Sérgio Mendonça, do Dieese. Ele considera provável que a taxa média de 2011 seja menor que o do ano passado. Em São Paulo, a taxa foi a menor para o mês em 20 anos. Na média das regiões, a menor desde 1998.
De dezembro para janeiro, 108 mil pessoas deixaram a População Economicamente Ativa (PEA), enquanto o mercado de trabalho eliminou 165 mil vagas. Com isso, o número de desempregados aumentou em 57 mil, atingindo 2,291 milhões. Na comparação com janeiro do ano passado, os números são positivos: enquanto 279 mil ingressaram na PEA (crescimento de 1,3%), foram criadas 684 mil ocupações (alta de 3,6%), fazendo o total de desempregados cair em 405 mil (-15%). Também em 12 meses, foram criados 818 mil empregos com carteira assinada (aumento de 9,3%). “Nós só estamos criando empregos com carteira, totalmente ao contrário do que se dizia nos anos 1990”, observou Sérgio Mendonça.
Apenas o comércio não eliminou vagas em janeiro. Dos 165 mil empregos a menos, 121 mil foram eliminados no setor de serviços. Em 12 meses, o mesmo setor foi responsável pela criação de 383 mil vagas, seguido do comércio (160 mil) e da indústria (146 mil). A maior alta percentual foi do setor da construção civil, com crescimento de 8,3%, equivalente a 99 mil ocupações a mais em 12 meses. O único a cair nessa base de comparação foi o emprego doméstico (-104 mil).
Entre os destaques no crescimento da ocupação em base anual, estão a construção civil em Recife (20,7%) e Salvador (20,6%). Essas regiões, juntamente com Porto Alegre, também registram as maiores quedas nas taxas de desemprego ante janeiro de 2010. Em Recife e Salvador, as quedas superaram quatro pontos percentuais.
O rendimento médio dos ocupados (R$ 1.389) recuou 0,4% no mês e cresceu 7,8% em 12 meses. Assim, no ano passado a massa de rendimentos aumentou 11,8% na soma das regiões. “Esse é um colchão amortecedor, um fôlego para a frente”, disse o técnico do Dieese. “A desaceleração (da economia) pode não ser tão grande quanto alguns estão estimando.” Ele acredita que o PIB brasileiro poderá crescer até 5% este ano.
Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego subiu para 10,5% em janeiro – mesmo assim, foi a menor para o mês desde 1991 (9,9%). “É um dado absolutamente normal para esse período”, lembrou o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian, lembrando que a PEA e a ocupação sempre caem no começo do ano. O total de desempregados foi estimado em 1,124 milhão, 36 mil a mais do que em dezembro e 112 mil a menos do que em janeiro de 2010. Foram criadas 335 mil em 12 meses (alta de 3,5%). O emprego com carteira cresceu ainda mais, com 358 mil a mais (7,8%). “Aparentemente, os ajustes estão se dando mais fortemente em cima dos assalariados sem carteira”, comentou Loloian.
A renda média dos ocupados (R$ 1.528) recuou ligeiramente (-0,5%) no mês e cresceu 11% no ano, fazendo a massa de rendimentos crescer 15%. “Isso está sustentando o nível de atividade e consumo”, afirmou o analista. O tempo de procura por emprego permaneceu em 33 semanas. Em janeiro de 2010, eram 39.
Da Rede Brasil Atual