Livro ‘Caças Supersônicos e o ABC Paulista’ é lançado na Sede dia 24
Obra aponta mobilização política no ABC que levou a implantação na região de plataforma de produção de componentes dos caças supersônicos Gripen, da sueca Saab
Na próxima sexta-feira, 24, às 18h, toda a categoria está convidada para o lançamento do livro ‘Caças Supersônicos e o ABC Paulista’ (Editora Papagaio) na Sede, em São Bernardo. A obra, do professor Jefferson José da Conceição, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, junto ao co-autor José Ricardo Ramalho, professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, aponta a mobilização política no ABC à implantação na região de plataforma de produção de componentes dos caças supersônicos Gripen, da sueca Saab.
Os Metalúrgicos do ABC defenderam a escolha dos caças suecos pelo governo brasileiro desde 2010. Na ocasião, Sindicato, CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) e IF Metall assinaram declaração conjunta por ser a única proposta que assegurava produção, empregos e tecnologia ao país.
O ex-presidente do Sindicato e então prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, viajou à Suécia em 2010 e voou em um caça Gripen. No mesmo ano, conheceu os projetos concorrentes que estavam em disputa na França e nos Estados Unidos. A compra inicial dos 36 caças, sendo 28 monopostos (um tripulante) e oito bipostos (dois tripulantes) foi assinada pela FAB (Força Aérea Brasileira) em outubro de 2014.
Em entrevista à Tribuna Metalúrgica, Jefferson contou sua relação com os Metalúrgicos do ABC, avanços e retrocessos do projeto Gripen.
Tribuna Metalúrgica – O que a obra aborda?
Jefferson – Dentre vários pontos, o protagonismo do Sindicato na mobilização do ABC de atração de investimentos em tecnologia. Neste caso, ligado à produção de aeronaves supersônicas que pudesse servir como modelo de busca de reconversão industrial. Um processo de diversificação de mercados e produção que dialoga com a estrutura existente, no caso a metalúrgica, mas que possibilita encontrar novos mercados e novas linhas de produção.
TM – Como foi esse percurso em pouco mais de dez anos?
Jefferson – Um dos principais fatores para os suecos do Gripen ganharem foi o compromisso da Saab de transferir tecnologia e essa transferência não é apenas ensinar pilotos a pilotar um avião, não é apenas ensinar uma parte da produção, mas tudo aquilo que vincula tecnologia, desde o operário saber montar um avião e ter soluções para a produção até os centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil contribuindo com a Suécia e compartilhando o conhecimento em diversas áreas.
TM – E os esforços da região para o projeto?
Jefferson – Foram várias as iniciativas. Houve viagens de gestores públicos já em 2010 à Suécia, para apresentar a região e saber em detalhes qual era o projeto sueco. Um pouco depois, visita à França e também aos Estados Unidos. Tivemos sindicatos, especialmente os Metalúrgicos do ABC, se reunindo com os sindicatos suecos. Houve também diálogo com os americanos e com os franceses na linha de construir documentos conjuntos. E, com os suecos, isso foi mais aprofundado ainda.