Lula ameaça bancos que receberam recursos do BC
Presidente diz que o governo não vai ajudar diretamente as empresas que enfrentarem dificuldades por causa da crise internacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem (15/10) que o Banco Central tomará de volta o depósito compulsório dos bancos beneficiados que não garantam liquidez ao mercado financeiro.
As declarações de Lula são um puxão de orelha aos banqueiros que ainda não estão injetando o dinheiro na economia real, mesmo depois de receberam recursos para emprestar a seus clientes. O governo liberou o valor que os bancos são obrigados a deixar depositados. O objetivo do Banco Central, com a medida, era garantir que entrasse mais dinheiro para o crédito a população.
Desde o agravamento da crise financeira internacional, com o anúncio da concordata do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, o BC efetuou uma série de alterações nas regras dos depósitos compulsórios (o dinheiro que fica depositado pelos bancos). Isso porque, a crise só se transmitirá à economia real se não houver liquidez para os mercados funcionarem.
Até a próxima semana, a estimativa é que as mudanças cheguem a injetar mais de R$ 80 bilhões no mercado financeiro. Com a possibilidade de os bancos menores venderem suas carteiras de crédito e de abaterem os valores das operações de empréstimos de dólares feitos pela autoridade monetária, o valor pode superar R$ 100 bilhões.
Sobre a decisão de injetar até R$ 100 bilhões no mercado, o presidente disse que “o BC só vai liberar o dinheiro na medida em que houver a concessão do empréstimo [pelos bancos] à população.”
O presidente disse ainda que o governo não vai ajudar diretamente as empresas que enfrentarem dificuldades por causa da crise. O que poderá ser feito é um empréstimo bancário. “Quem tomar dinheiro, será emprestado [diretamente com os bancos].”
Lula comentou também os prejuízos de empresas brasileiras que investiram em dólares. Segundo ele, “todas as empresas que apostaram e perderam têm que arcar com as responsabilidades. Obviamente que o Brasil estará disposto a criar condições para que o sistema financeiro empreste dinheiro pela lógica de mercado.”
Do Redação, com informações da Agência Brasil e do Blog do Paulo Henrique Amorim