Lula desabafa: “Fui traído. Estou indignado”
Em pronunciamento feito à nação na sexta-feira, pouco antes de iniciar a 11ª reunião ministerial de seu mandato, na Granja do Torto, em Brasília, o presidente Lula fez um balanço do atual momento político e econômico brasileiro.
Ele revelou que se sente traído e indignado, tanto ou mais quanto a maioria do povo, com a atual situação vivida pelo País e pela ocorrência de práticas condenáveis das quais nunca teve conhecimento.
Bastante emocionado, acrescentou não ter vergonha de dizer à população brasileira que o PT e o governo devem pedir desculpas pelos erros que eventualmente cometeram. Por isso, incentivou ao povo a não perder as esperanças e afirmou que a Polícia Federal continuará suas investigações.
Lula destacou que seu maior orgulho, por sua história e pelo compromisso que tem com a gente humilde de nossa terra, é a forte retomada da oferta de trabalho que teve início com seu governo.
Em 30 meses já criamos 3 milhões e 135 mil novos empregos com carteira assinada, disse. Isso significa 104 mil novas vagas formais por mês. Doze vezes mais que a média dos anos 90. Sem falar dos postos de trabalho no mercado informal e na agricultura familiar, explicou.
Os principais trechos do pronunciamento:
Traído e indignado
Quero dizer com toda franqueza: eu me sinto traído por práticas inaceitáveis, das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado com as revelações que aparecem a cada dia e que chocam o País. Sei que vocês estão indignados e eu, certamente, estou tão ou mais indignado que qualquer brasileiro.
Desculpas
O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil, e que sonha com o Brasil, com uma economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso País está vivendo.
Crise política
Estou consciente da gravidade da crise política. Ela compromete todo o sistema partidário brasileiro.
Defesa da democracia
Por ser o primeiro mandatário dessa nação, tenho o dever de zelar pelo Estado de Direito.
PT e moralidade política
Em 1980, no início da redemocratização, decidi criar um partido novo, que viesse para mudar as práticas políticas, moralizá-las e tornar cada vez mais limpa a disputa eleitoral no nosso país. Ajudei a criar esse partido, e vocês sabem, perdi três eleições presidenciais e ganhei a quarta, mantendo-me sempre fiel a esses ideais. Tão fiel quanto sou hoje.
Polícia Federal
O Congresso está cumprindo com a sua parte, o Judiciário está cumprindo com a parte dele. Meu governo, com as ações da Polícia Federal, está investigando a fundo todas as denúncias.
Punições
Determinei, desde o início, que ninguém fosse poupado, pertença ao meu partido ou não, seja aliado ou da oposição. Grande parte do que foi descoberto até agora veio das investigações da Polícia Federal.
Reforma política
E vamos continuar assim até o fim, até que todos os culpados sejam responsabilizados e entregues à Justiça. Mesmo sem prejulgá-los, afastei imediatamente os que foram mencionados em possível desvio de conduta para facilitar todas as investigações. Mas isso só não basta.
O Brasil precisa corrigir as distorções do seu sistema partidário eleitoral, fazendo urgentemente a tão sonhada reforma política. É necessário punir corruptos e corruptores, mas também tomar medidas drásticas para evitar que essa situação continue a se repetir no futuro.
Redobrar esforços
Temos que arregaçar as mangas e redobrar esforços. Vocês, ministros e ministras, trabalham até às nove da noite, trabalhem um pouco mais, até a meia-noite, uma hora da manhã, porque nós sabemos que muito j