Lula diz que FMI não deve interferir em políticas internas dos países

"Não há problema em que o FMI conceda empréstimos, o que não deveria fazer é se intrometer nas políticas internas dos países aos quais empresta", afirmou Lula, durante uma entrevista concedida à rede "NTV" da Turquia, onde se encontra em visita oficial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira (21), em Istambul, o Fundo Monetário Internacional (FMI) por tentar marcar as diretrizes da economia de diversos Estados e afirmou, nesse sentido, que seu país conseguiu ser independente.

“Não há problema em que o FMI conceda empréstimos, o que não deveria fazer é se intrometer nas políticas internas dos países aos quais empresta”, afirmou Lula, durante uma entrevista concedida à rede “NTV” da Turquia, onde se encontra em visita oficial.

Perguntado pela experiência brasileira com o FMI, Lula disse que, quando seu Governo decidiu cancelar sua dívida devolvendo os empréstimos concedidos, primeiro se deparou com a incredulidade e certa rejeição da instituição financeira, mas depois o exemplo foi seguido por outros países.

“O Brasil aprendeu a ser um país independente. Não estamos subordinados a nenhum país, nem queremos enfrentamentos, só queremos tratar com os outros Estados de igual para igual”, disse o presidente.

Por isso, Lula acrescentou que mantém grandes expectativas no novo presidente americano, Barack Obama, e em que ele seja capaz de mudar a “relação imperial” dos Estados Unidos com a América Latina.

No entanto, o presidente brasileiro disse que, embora proceda das fileiras ideológicas do socialismo, prefere se definir como um “pragmático”, antes de socialista.

“Um presidente não pode ser radical, porque deve governar para todos os brasileiros”, acrescentou.

Lula disse também que, em seus pouco mais de seis anos de Governo, foram criados 10 milhões de postos de trabalho no Brasil e 20 milhões de pessoas pobres passaram a fazer parte da classe média, graças à melhoria das condições de vida, entre outras conquistas.

Segundo Lula, países como Brasil, Turquia, China e Índia, todos eles membros do Grupo dos Vinte (G20, os países mais ricos e os principais emergentes), têm “um grande potencial”, mas devem se preocupar com o desenvolvimento social.

Lula chegou na quarta-feira a Istambul, onde foi recebido pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.

O presidente brasileiro participa hoje de um Fórum Econômico Turquia-Brasil, organizado em Istambul pelo Conselho de Relações Econômicas Exteriores da Turquia (DEIK, em turco).

Na sexta, Lula irá a Ancara, onde se reunirá com o presidente turco, Abdullah Gül; com o presidente do Parlamento, Koksal Toptan; e com Erdogan.

Após participar da inauguração do Centro de Estudos Latino-Americanos na Universidade de Ancara e de um jantar oficial do presidente Gül, Lula voltará ao Brasil.

Da EFE