Lula diz que G-8 não decide mais nada sobre a crise econômica
Segundo o presidente, a reunião dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia (grupo dos oito, G-8), na Itália, marca a continuidade do G-8, mas "sem importância"
O G-8 não morreu, mas não tem mais poder de decisão sobre a crise do sistema financeiro internacional. A análise foi feita, em Sirte, na Líbia, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e revigora o esforço que o governo brasileiro está fazendo para manter vivo o principal grupo do qual participa, o G-20. Segundo Lula, a reunião dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia (grupo dos oito, G-8), na Itália, marca a continuidade do G-8, mas “sem importância”.
O G-8 se reunirá na próxima semana, entre 8 e 11 de julho, em Áquila, na Itália. O Brasil é convidado apenas para o segundo dia, quando às potências industrializadas se unirão os países emergentes. Há cerca de um mês, o governo tem se debatido para reduzir o peso internacional do G-8, lutando pela sobrevivência do G-20. Parte desse esforço foi realizado na Cúpula dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), realizada em Ecaterimburgo, na Rússia, há 15 dias.
As declarações de Lula marcaram ligeira falta de sintonia com ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Há 20 dias, em Paris, o chanceler havia afirmado que o G-8 – grupo formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália, além da Rússia – “estava morto” desde a Cúpula de Londres do G-20, em abril. Hoje, Lula se disse menos pessimista do que seu ministro, mas menosprezou a reunião das maiores potências. “Do ponto de vista da representação política, para discutir a crise, o G-8 já não vale mais. Esse não vale mais”, reiterou.
Lula disse não acreditar no futuro de um grupo que não conta com a participação de países emergentes como China, Índia e Brasil. “O G-20 vai continuar, o G-8 vai continuar sem importância, porque não tem sentido: o mundo hoje não depende somente dos países ricos. Os países emergentes têm uma importância e uma ascendência na economia mais importante que os países ricos”, sustentou. Descontraído, Amorim o interrompeu para afirmar: “Salvou meu emprego, presidente”.
Sobre sua participação em Áquila, Lula disse que deve voltar a insistir na importância da conclusão do acordo da Rodada Doha, demonstrando satisfação pelo avanço da posição norte-americana sobre as negociações comerciais. “Me parece que agora o Obama (Barack Obama, presidente dos EUA) já admite conversar. Os interlocutores norte-americanos já estão estabelecendo uma conversa e eu espero que a gente avance”, sintetizou.
Da Agência Estado