Lula, Haddad e parte do elenco acompanham hoje no Sindicato a exibição do filme ‘Marighella’

Sessão será aberta ao público mediante apresentação de comprovante de vacinação contra a Covid-19

Foto: Divulgação

Os Metalúrgicos do ABC recebem o público hoje para a sessão especial do filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura e estrelado por Seu Jorge, que estreou no Brasil no mês passado, após ter sofrido censura por parte do governo Bolsonaro. A exibição contará com a presença do ex-presidente Lula, do ex-ministro Fernando Haddad (PT), além de outras lideranças políticas e sociais. 

O acesso será permitido mediante apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19 e os lugares serão limitados, respeitando os protocolos sanitários vigentes para evitar a propagação do coronavírus. 

A atividade terá ainda a participação de parte dos atores do elenco. Entre eles: Luiz Carlos Vasconcelos Costa, Bella Camero, Humberto Carrão, Pastor Henrique Vieira, Maria Marighella, neta do guerrilheiro. Além do filho de Marighella, Carlinhos Marighella.

 Luta pela democracia 

“A luta de Marighella foi por uma sociedade mais justa, ele enfrentou a ditadura militar porque tinha um objetivo, um projeto de país democrático. Democracia não se resume ao ato de votar livremente, é muito mais que isso, é ter direito à cidadania, a emprego, à comida, à saúde. A luta dele era para que não houvesse, por exemplo, a cena brutal que vimos esta semana de um homem negro algemado à moto de um PM, era em favor das minorias, em prol da classe trabalhadora”, destacou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.

O dirigente ressaltou o papel da cultura como ferramenta na defesa de uma sociedade livre e democrática. “Não podemos esquecer que esse filme foi censurado pelo governo, justamente porque a cultura é uma das ferramentas mais importantes para defender a democracia. Quando o Sindicato abre suas portas para a exibição de um filme tão importante, está lembrando, mais uma vez, o engajamento nós trabalhadores nessa luta de Marighella”, finalizou.  

Quem foi Carlos Marighella?

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Político, guerrilheiro e escritor, Carlos Marighella vivenciou a repressão de dois regimes autoritários: o Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas, e a ditadura militar iniciada em 1964. Foi um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar e chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. Teve quatro passagens pela prisão, onde sofreu espancamentos e torturas, sendo a primeira delas aos vinte anos de idade. Militou durante 33 anos no Partido Comunista e depois fundou o movimento armado Ação Libertadora Nacional (ALN).

Elegeu-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, como um dos mais bem votados da época. Mas, nesse mesmo ano, Marighella voltou a perder o mandato porque o governo Dutra, por orientação do governo estadunidense, cassou todos os políticos filiados a partidos comunistas.

Em maio de 1964, após o golpe militar, foi baleado e preso por agentes do Dops dentro de um cinema, no Rio. Libertado em 1965 por decisão judicial, no ano seguinte decidiu se engajar na luta armada contra a ditadura e escreveu o livro “A crise brasileira”.

Com o recrudescimento do regime militar, os órgãos de repressão concentraram esforços em sua captura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada de proporções cinematográficas na alameda Casa Branca, na capital paulista. Foi morto a tiros por agentes do Dops, em uma ação gigantesca coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.  

O poema “Liberdade” foi escrito em uma delas.

Liberdade

Não ficarei tão só no campo da arte,

e, ânimo firme, sobranceiro e forte,

tudo farei por ti para exaltar-te,

serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te

dominadora, em férvido transporte,

direi que és bela e pura em toda parte,

por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,

que não exista força humana alguma

que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,

possa feliz, indiferente à dor,

morrer sorrindo a murmurar teu nome.

Com informações do site Memórias da Ditadura, com base no livro Marighella, de Isa Grinspum Ferraz