Lula pede ousadia a ministros e reforço no PAC para enfrentar crise
O presidente encomendou um estudo à equipe econômica sobre o spread bancário; o governo está empenhado em reduzir o custo dos empréstimos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu na segunda-feira (2) “ousadia” para impedir que o País desacelere ainda mais por causa da crise econômica mundial. Em reunião na Granja do Torto, o presidente orientou os ministros a manter os investimentos públicos e prometeu aumentar o número de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Na reunião, o presidente falou em ousadia. Este não é um momento para uma reação tímida da nossa parte. Não seguiremos a rota da desaceleração”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair do encontro, que durou cerca de dez horas.
Apesar do contingenciamento de R$ 37,2 bilhões no Orçamento da União anunciado na semana passada ter resultado no bloqueio de R$ 14 bilhões em investimentos, Mantega afirmou que as obras e os programas previstos para este ano estão preservados. Segundo ele, isso será possível porque o governo remanejará gastos de custeio (manutenção da máquina pública) para os investimentos considerados prioritários.
Entre as medidas em estudo, está a ampliação do número de obras do PAC. Mantega, no entanto, não forneceu detalhes sobre os setores e empreendimentos beneficiados. “Vamos dar um reforço no PAC. A ministra Dilma [Rousseff, da Casa Civil da Presidência da República] vai anunciar as mudanças na próxima quarta-feira [4]”, afirmou o ministro da Fazenda.
Mantega afirmou ainda que o presidente Lula encomendou um estudo à equipe econômica sobre o spread bancário (diferença entre os juros do Banco Central e as taxas cobradas pelas instituições financeiras). De acordo com o ministro, o governo está empenhado em reduzir o custo dos empréstimos.
“Nós formamos uma comissão e estamos analisando o que fazer. Mas eu posso garantir a vocês que nós conseguiremos reduzir os juros e o spread bancário”, declarou Mantega. Ele ressaltou que o governo está fazendo a sua parte, com a diminuição dos juros nos bancos públicos e a redução de um ponto percentual na taxa Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no último dia 21.
O ministro disse ainda que se reuniu com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) para entender os fatores que tornam o spread bancário no Brasil o maior entre os países em desenvolvimento. “Estou conversando com a Febraban e vamos encontrar um caminho”, ressaltou.
Da Agência Brasil