Lula quer defesa do papel do Estado em cúpula do G20, que começa quinta-feira (2)

O presidente faz uma intensa defesa da regulação e da transparência do mercado financeiro como pilares de um novo sistema econômico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que os países árabes e sul-americanos devem levar uma mensagem “forte e clara” à cúpula do Grupo dos Vinte (G20, países ricos e principais emergentes) da quinta-feira, em Londres: a defesa do papel do Estado frente à crise global.

Lula fez estas declarações em seu discurso durante a sessão inaugural da 2ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América do Sul e dos Países Árabes (Aspa), que reúne hoje em Doha representantes dos 12 países sul-americanos e 22 árabes.

Em seu discurso, como coordenador regional da Aspa, Lula fez uma intensa defesa da regulação e da transparência do mercado financeiro como pilares de um novo sistema.

Nessa linha, Lula defendeu concluir o mais rápido possível a Rodada do Desenvolvimento de Doha, que regulará o comércio internacional, e uma profunda reforma dos órgãos internacionais.

Brasil, Argentina e Arábia Saudita serão os países incluídos na Aspa que serão representados na reunião em Londres.

Lula também falou sobre o tema palestino em seu discurso, e disse que “não é possível que, após tantos anos de negociações, não haja ainda um Estado palestino”.

“É importante que o novo Governo em Israel se comprometa com o processo de paz”, disse Lula, acrescentando que continuará “defendendo, como fiz perante a ONU em 2006, a realização de uma cúpula de paz que inclua os países em desenvolvimento”.

“Depois do 11 de Setembro, alguns disseram que a democracia e os árabes eram incompatíveis. Ignoraram a contribuição árabe na história para a democracia. A Aspa nos ajudará a fazer renascer essa aliança de civilizações”, disse.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, que discursou antes de Lula, como presidente da União de Nações Sul-americanas (Unasul), também se referiu à necessidade que, de Doha, saia uma “mensagem muito potente” para o G20.

“É a hora para uma resposta internacional coordenada da crise econômica e financeira. Da reunião do G20, esperamos uma rápida coordenação das políticas fiscais indispensáveis para conter o colapso da demanda mundial”, acrescentou.

Para Bachelet, “o diálogo entre América do Sul e os países árabes pode e deve ter um papel muito importante, já que nos dirigimos à geração de um novo contrato social global”.

Sobre o tema palestino, a presidente chilena também ressaltou que a “América do Sul apoiou historicamente a Palestina e seu direito de estabelecer um Estado livre e soberano que possa conviver com Israel”.

Da EFE