Lula quer mundo mais justo contra a crise

Falando para cerca de 600 representantes sindicais alemães e convidados internacionais, ex-presidente da República defendeu a manutenção do emprego e o estímulo ao crescimento


Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou de improviso na última sexta-feira (7) para cerca de 600 representantes sindicais alemães e convidados internacionais, entre eles o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, e o diretor de Comunicação, Valter Sanches, durante a Conferência do IG Metall, sindicato alemão de metalúrgicos, realizada em Berlim, na Alemanha.

O tema do discurso de Lula foi “O caminho para um mundo mais justo”, com foco na crise econômica, que atinge a comunidade europeia e norte-americana.

Ele defendeu que a manutenção do emprego e o estímulo ao crescimento dos países pobres são caminhos para sair da crise e criticou as políticas de austeridade que castigam o trabalhador.

“Os magnatas do sistema financeiro, quando ganham, não repartem, mas quando perdem repartem os prejuízos com todos”, afirmou.

Lula apontou a transferência do poder político para o mercado, característico do neoliberalismo, como sendo o principal motivador da crise.

“A Europa, que era um berço de tranquilidade, vive uma era nervosa, apreensiva, principalmente para a juventude. E por que isso aconteceu? Porque muitos políticos terceirizaram a política. E a política não pode ser terceirizada”, criticou.

O ex-presidente sugeriu um prazo mais longo de ajuste fiscal para Espanha e Grécia, alertando que esse ajuste acelerado favorece a recessão e o surgimento de mais problemas e até o questionamento de conquistas já alcançadas.

“Eu temo que na Europa vocês comecem a negar a União Europeia. A União Europeia é um patrimônio da humanidade, ela superou 1500 anos de conflitos”, lembrou aos representantes alemães presentes à Conferência do IG Metall.

Caminho
Lula ressaltou a era de paz vivida pelos países da América Latina com crescimento, distribuição de renda e inclusão social que hoje são promovidos por governos democráticos, como o caminho para um mundo mais justo.

“Continuamos pobres e com problemas, mas há muito tempo não tínhamos esse progresso, principalmente com o aprofundamento da democracia”, disse.

O ex-presidente Lula também defendeu o resgate ao continente africano, com a ajuda de todas as nações, para que possa se desenvolver.

“Não podemos reduzir os países da África a meros produtores de matérias-primas para abastecer os países ricos. Temos a obrigação histórica de ajudar no desenvolvimento social e econômico”, afirmou.

Legado
Lula recordou também a solidariedade do movimento sindical alemão com os trabalhadores brasileiros, desde a época das grandes greves do ABC nos anos 80.

Para ele, o maior legado de seus oito anos de governo foi a relação com a sociedade organizada e os movimentos sociais brasileiros.

“Até hoje, em muitos países, a primeira reivindicação dos trabalhadores é que eu interceda para que os presidentes os recebam”, contou.

Da Redação