Lula volta a propor que famílias consumam

Em linha com o que fez durante a eclosão da crise financeira internacional em 2008, quando ainda morava no Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a recomendar a manutenção do consumo das famílias como forma de proteger a economia nacional de uma possível nova crise global.

Lula reforçou o apelo feito mais cedo pela presidente Dilma Rousseff, que também ressaltou a importância de se manter o mercado interno aquecido, apesar de entender que o país não está ameaçado pela turbulência que sacode os mercados mundo afora.

“Confio muito no mercado interno brasileiro e acho que as pessoas devem continuar consumindo. Claro que consumindo com responsabilidade, sem gastar mais do que podem e, se possível, fazendo uma poupancinha para ajudar no desenvolvimento deste país”, disse o ex-presidente, em rápida entrevista concedida após palestra a empresários do setor atacadista.

Lula aproveitou o tema da turbulência nos mercados para alfinetar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Quando me reunia com os economistas, eles diziam que a gente ia entrar em “default” [calote]. Eu nem sabia que desgraça era default. Agora, acho que não é uma coisa boa, pois os Estados Unidos estão pra entrar em default”, disse Lula, provocando risos na minguada plateia.

O ex-presidente criticou ainda o Congresso Nacional pela não votação das duas propostas de reforma tributária enviadas ao Legislativo em sua gestão. Disse, por isso, ter passado a defender a reforma fatiada, como pretende fazer Dilma.

Questionado sobre a tensão política em Brasília envolvendo denúncias de irregularidades nos ministérios dos Transportes e Agricultura, Lula desconversou: “Isso aí você tem que perguntar para a presidente da República”.

Após o evento, Lula embarcou para o Rio de Janeiro, onde participa hoje das comemorações pelos 30 anos do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.

Do Valor Econômico