Luta antirracista é de toda a classe trabalhadora

Comissão de Igualdade Racial promove debate para discutir o tema no mês da Consciência Negra

Em novembro, mês da Consciência Negra, a luta antirracista ganha ainda mais visibilidade. O Sindicato convida a categoria a refletir sobre o tema e lembrar que a população brasileira é majoritariamente preta e parda. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2022, são 56% dos brasileiros.

As estatísticas escancaram as desigualdades ainda muito presentes no país, fruto de um racismo estrutural a ser combatido. De acordo com estudos do IBGE, em relação ao mercado de trabalho, nos cargos gerenciais, negros ocupam 29,5% e brancos 69%. Em relação à pobreza, das pessoas que recebem menos que US$ 5,50 por dia, 34,5% são pretos, 38,4% são pardos e 18,6% são brancos.

No quesito violência, os dados são ainda mais alarmantes. Segundo o Atlas da Violência 2021, em 2019, as pessoas negras representaram 77% das vítimas de homicídios. Já as mulheres negras representaram 66% do total de mulheres assassinadas no Brasil.

Foto: Adonis Guerra

A diretora executiva dos Metalúrgicos do ABC, Andréa de Sousa, a Nega, declara que só se deu conta da sua real condição de mulher preta quando entrou para o Sindicato. “Quando começamos a estudar, ter acesso aos dados e às pesquisas, nos damos conta da real situação da mulher preta na sociedade brasileira. A partir do momento em que tive consciência de que minha luta não era só sobre ser mulher, mas sobre ser mulher preta, me abriu um leque”.

“Hoje digo não só que sou feminista, mas que sou uma feminista preta, porque quando as mulheres brancas saíram para fazer a luta, foram as mulheres pretas que ficaram cuidando dos filhos delas”, completou.

Andréa lembrou ainda que durante muitos anos, por conta do racismo estrutural, a mulher preta na televisão só era retratada como empregada doméstica, e que a essa parcela da população só eram destinados subempregos. Destacou que o quadro vem mudando, mas que ainda é preciso subir muitos degraus. 

“Você vai ao dentista, tem uma dentista preta? No banco, tem uma gerente preta? Estamos começando a ver pessoas pretas em posição de destaque, muito em função das cotas raciais, mas temos muitos degraus a subir. Este país ainda tem uma grande dívida com o povo preto, nós tivemos alguns avanços, mas queremos muito mais, é por isso que estamos aqui. No mês de novembro é necessário reafirmar nossas pautas. Precisamos de mulheres pretas na diretoria do Sindicato, na política e em todos os espaços de decisão”.

Debate

Foto: Adonis Guerra

Para debater o tema, o Sindicato promove na próxima sexta-feira, 10, às 10h, na Escola Dona Lindu (Regional Diadema) uma conversa com o deputado estadual Teonilio Barba (PT), autor do Projeto de Lei que instituiu o dia 20 de novembro como feriado estadual, e a vice-prefeita de Diadema, Patty Ferreira.

O coordenador da Comissão da Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato, Clayton Willian, o Ronaldinho, convidou toda a categoria a participar. 

“Este mês é muito importante para a classe trabalhadora, mês em que celebramos a memória de Zumbi de Palmares. Vamos discutir como foi a construção do feriado 20 de novembro, via mandato do companheiro Barba, também sobre a importância do Ministério da Igualdade Racial, e nos apropriarmos da questão do letramento racial. Fica o convite para todos, vamos juntos nessa luta antirracista!”.