Luta contra o assédio é coletiva
A reação contra o assédio no trabalho não deve ser individual. Embora seja sempre uma agressão em nível individual, a reação deve ser de todo o coletivo.
Esse apoio é a melhor maneira de fortalecer o assediado e preservar o grupo de outros ataques.
Este foi um dos consensos do debate sobre o tema, realizado na noite de quarta-feira, Dia do Cipeiro.
Para enfrentar situações como essa é importante a participação ativa dos cipeiros e demais representantes que, além de cuidar das questões de segurança, devem estar atentos às pressões que podem desembocar nas situações de assédio.
A professora da USP Maria Isabel Garcez Guirardi disse que é preciso se contrapor ao individualismo e à competição incentivada pelas empresas e pelo capitalismo.
Assim, será possível criar um ambiente mais cooperativo e solidário onde “ser” será mais importante que “ter” e onde a agressão a um indivíduo do grupo seja entendida como uma agressão a todo o grupo, provocando uma reação coletiva.
Leia um resumo do debate:
Você vale o que tem!
O sociedade valoriza as pessoas pelo que elas acumulam e consomem. Isso faz as pessoas acreditarem que é preciso ter mais.
Para isso, acabam se submetendo a trabalhar até mesmo em condições de extrema dificuldade, sem perceber que essa situação causa danos irreversíveis à sua saúde psíquica e à sua vida.
Você não ganha o suficiente? Então, precisa produzir mais, e isso, por si, já é uma forma de assédio.
Coletivo, a partir do individual
O assédio moral é apenas uma das formas de assédio no trabalho e não pode ser confundido com a pressão no trabalho, que é uma agressão ao coletivo.
O assédio é sempre uma agressão a um indivíduo, geralmente o mais fragilizado do grupo.
No entanto, a pressão pelo ritmo e as metas de produção podem levar a uma situação de assédio.
Causa até a morte
O assédio é uma violência psíquica, que mina a capacidade pessoal e tem consequência direta sobre o trabalhador e sua família.
Ele causa dano psíquico que destrói a nossa auto-estima e nossa identidade psíquica, chegando a prejudicar nosso reconhecimento enquanto ser social.
O trabalhador passa a duvidar de sua capacidade, se sente diminuído. A impossibilidade de reagir contra essa pressão pode causar doenças.
O assédio causa dor e sofrimento. É uma ferida na alma que pode fazer a pessoa perder a vontade de viver.