Luta dos franceses é contra a precarização

Mais de 1,5 milhão saíram às ruas em protesto a lei chamada de primeiro emprego que precariza e retira direitos trabalhistas.

1,5 milhão contra a retirada de direitos

Diversas manifestações reuniram 1,5 milhão de pessoas entre estudantes, trabalhadores, sindicalistas, militantes de partidos de esquerda e de ONGs no último sábado em Paris e outras 160 cidades na França. Foi o terceiro ato nacional contra o CPE (Contrato do Primeiro Emprego), previsto para entrar em vigor em abril.

Em tese, a lei seria para ajudar o jovem a conseguir serviço (22% dos franceses entre 15 a 24 anos estão desempregados). Só que a proposta do governo francês é o contrário da iniciativa brasileira com nome parecido.

Por aqui, a lei realmente auxilia o jovem a entrar no mercado de trabalho. Já a lei francesa revolta um número cada vez maior de gente porque é totalmente neoliberal e promove uma retirada violenta de direitos trabalhistas.

Entre outros pontos, o CPE facilita as demissões porque permite demitir por justa causa a qualquer momento antes do final dos dois anos de contrato e praticamente acaba com a contribuição dos patrões para a seguridade social.

É por isto que aumenta a quantidade de franceses que adere aos protestos iniciados pelos estudantes. O ato de sábado, por exemplo, contou com a participação maciça das centrais sindicais. Elas temem que o governo tente ampliar a nova lei para todos os trabalhadores e por isso fazem pressão. A CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), por exemplo, já ameaçou promover uma greve geral.

A prova que o movimento não está restrito aos estudantes é a presença maciça de pais ao lado dos filhos nos protestos. Milhares de famílias acompanharam o ato do último sábado.

“A luta de hoje é totalmente diferente da de 1968”, disse um manifestante. “Lá eram os estudantes que queriam derrubar o regime. Hoje estamos juntos desde o início porque a luta é por trabalho”, completou.