Luta pela democracia perde Apolônio de Carvalho
Ao morrer na sexta-feira passada aos 93 anos de idade, o histórico militante de esquerda Apolônio de Carvalho deixou um exemplo de luta pela democracia não só aqui no Brasil mas também na Europa.
Apolônio formou-se na Escola Militar em 1930 e, cinco anos depois, passou a integrar a Aliança Nacional Libertadora, uma frente contra o fascismo presidida por Luís Carlos Prestes.
Depois do fracasso da chamada Intentona Comunista, que em 1935 tenta sublevar os quartéis contra o ditador Getúlio Vargas, Apolônio é preso e expulso do Exército.
Libertado no ano seguinte, ele apresenta-se voluntariamente para defender o governo republicano contra as forças do general Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola.
Em 1942, com a derrota dos republicanos, Apolônio se engaja na Resistência Francesa contra as forças nazistas, chegando a comandar cerca de 2.000 soldados.
Com a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, ele volta ao Brasil e se filia ao Partido Comunista Brasileiro.
Em 1947, com a cassação do registro do PCB, Apolônio passa a viver na clandestinidade. Quatro anos depois do golpe militar de 1964, ele funda o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário e participa da luta armada contra a ditadura.
Em 1970 ele é preso e torturado, e em seguida banido para a Argélia em troca do embaixador alemão.
Apolônio volta ao Brasil com a anistia e, em 1980, participa da fundação do PT assinando a ficha de filiação nº 1.
Para o crítico literário Antonio Candido, Apolônio foi um herói profundamente humano e um socialista infatigável.
Para o escritor Jorge Amado, pela sua luta contra os fascistas e nazistas na Europa e pela participação na guerrilha contra o regime militar brasileiro, Apolônio foi o herói de três pátrias.