Lutas sociais e cidadania no campo
Como vimos na coluna passada, os trabalhadores rurais continuaram a viver nas grandes propriedades em regime de quase escravidão, embora este regime tenha sido abolido no final do século XIX.
A naturalidade com que os fazendeiros encaravam essa situação no passado talvez explique a manutenção, no presente, do trabalho escravo em várias regiões do País.
Aos trabalhadores rurais foram negados os direitos trabalhistas assegurados aos trabalhadores urbanos, por ocasião da regulação das relações de trabalho em 1943. A força política dos proprietários rurais os excluiu, mais uma vez, da cidadania.
Esse quadro só veio a mudar a partir do final dos anos cinqüenta, quando várias regiões do País, particularmente o Nordeste, assistiram à entrada dos camponeses no cenário político, desta vez organizados através das Ligas Camponesas e dos sindicatos de trabalhadores rurais.
Os pequenos produtores reivindicavam a reforma agrária e o fim das formas abusivas de exploração do trabalho a que eram submetidos. Os assalariados reivindicavam direitos trabalhistas e o direito de se organizarem em sindicatos.
A radicalidade de seu movimento, num cenário de ascenso das lutas operárias e populares, levou à conquista, no início dos anos sessenta, do Estatuto dos Trabalhadores Rurais.
Passados quase setenta e cinco anos da abolição da escravatura, a sociedade e o Estado reconheceram, finalmente, direitos elementares da cidadania aos trabalhadores rurais.
Departamento de Formação