Mães da Praça de Maio recebem atas de reuniões realizadas durante a ditadura
Mães e avós da Praça de Maio durante protesto em Buenos Aires
As mães da Praça de Maio receberam do ministro de Defesa argentina, Agustín Rossi, as cópias das atas da ditadura encontradas em outubro de 2013 no edifício Cóndor. Hebe de Bonafini, presidente da associação que representa as mães, agradeceu a atitude e destacou que era como se recebessem um presente. A cerimônia de entrega das atas marcou os 37 anos de luta das argentinas, que se uniram para exigir informações sobre filhos e familiares desaparecidos durante a última ditadura (1976-1983).
Os arquivos secretos pertencentes à ditadura cívico-militar foram achados em 31 de outubro de 2013, enquanto se realizavam trabalhos de manutenção no subsolo do edifício Cóndor, sede do comando da Força Aérea. As 280 atas correspondem a 280 reuniões realizadas pela junta militar durante a ditadura. Além delas, foram encontrados mais de 11.780 volumes documentais que estão sendo classificados e podem ser vistos na Biblioteca Nacional Aeronáutica e no site www.archivosabiertos.com.
Os documentos chegaram ao Ministério de Defesa pelas mãos do brigadeiro Callejo, chefe do Estado Maior da Força Aérea. Diante disso, Hebe pediu que os militares provem que realmente têm uma nova forma de pensar e, caso tenham outros documentos relacionados à ditadura, que os entreguem.
O ministro destacou que a edição especial com cópia das 280 atas foi entregue como forma de reconhecer a luta das mães pela vigência dos direitos humanos no país.
“As mães sempre diziam que (as atas) tinham que estar em algum lugar, e essa enorme fé se viu coroada com esse achado documental. É propósito de nosso governo que se encontrem ao alcance de todos porque têm um valor histórico e documental enorme, levando em conta que, pela primeira vez, nos encontramos com o relato de quem detinha o poder e era autoridade política máxima do país”, manifestou Rossi.
Hebe disse que as mães receberam um presente. “O drama pelo qual passamos não fica de lado, mas podemos ser felizes com esses momentos”. A presidente da associação também lembrou o trabalho do ex- presidente Néstor Kirchner e da ex-ministra de Defesa, Nilda Garré, para transformar as Forças Armadas.
“Não é uma reparação, é mais uma alegria que nos dão porque esse governo não tem nada para nos reparar. Sempre nos deram novas possibilidades, foram os primeiros que disseram que nossos filhos foram seus companheiros. Foi um presente imenso que Néstor nos deu”, disse Hebe, defendendo ainda que hoje os militares têm uma nova forma de pensar.
Da Rede Brasil Atual via Adital