Magneti Marelli anuncia fechamento e trabalhadores paralisam produção


Krica alertou que não haverá produção se não for aprovado um bom acordo.
Fotos: Raquel Camargo / SMABC

Os trabalhadores na Magneti Marelli decidiram nesta terça-feira (29) interromper a produção até que a direção da empresa apresente um pacote de benefícios que minimize os efeitos das demissões, uma vez que a fábrica confirmou que vai encerrar as atividades em dezembro ou janeiro.

“A Magneti vai ter de bancar o trabalhador até que ele encontre outro emprego”, avisou Carlos Alberto Gonçalves, o Krica, coordenador de São Bernardo.

Diariamente serão realizadas assembleias às 13h30 para os trabalhadores acompanharem o andamento das negociações. “Não haverá produção até os companheiros aprovarem um acordo de pacote. A pressa é da empresa, pois ela ainda tem contratos a cumprir”, afirmou.

Ele disse que no meio do ano, momento em que a empresa anunciou a possibilidade de encerrar suas atividades, o Sindicato procurou alternativas.

“Fomos atrás de compradores, fizemos contato com a Petrobrás, conversamos com a direção mundial na Itália, mas não teve jeito”, prosseguiu o dirigente.

Desde que a Magneti assumiu a empresa ela direcionou sua produção para exportação, desprezando o mercado interno. Agora, com a crise mundial, os pedidos diminuíram e ela passou a enfrentar a competição com produtos chineses.

“O futuro da empresa foi definido pelos investidores. O capital não tem pátria e só pensa em mais lucros”, concluiu Krica. 


Os trabalhadores Raimundo, Luiz, Eujácio e José Rocha

“Não é legal a gente ouvir o fechamento da empresa. Eu não penso em sair do ramo metalúrgico. Vou fazer cursos, pois o mercado está bom para quem tem qualificação profissional”. Raimundo Alfredo, operador de máquinas.

“O emprego não está difícil de arrumar, mas poucos vão ganhar o mesmo salário daqui. Já aconteceu isso comigo quando a Krones fechou. Achei outro emprego, mas com salário rebaixado”. Luiz Gonzaga Bernardino, serralheiro.

“É uma situação muito triste ver toda essa gente perdendo o emprego. Espero que nossa luta iniciada agora resulte num bom acordo financeiro, para dar fôlego até a gente arrumar outro emprego”. Eujácio de Santana Batista, operador de máquinas. 

“Vamos nos preparar para um período ruim. Ainda faltam quatro anos para me aposentar e procurar emprego neste momento não é fácil. Veja só, a empresa erra e os trabalhadores pagam a conta”. José da Rocha Souza, operador de máquinas.  

Da Redação