Maior escolaridade ainda não basta para elevar renda da mulher
Apesar das mulheres manterem índices de escolaridade superiores aos dos homens e aumentarem sua participação no mercado de trabalho, elas continuam atrás quando analisados seu rendimento e número de carteira assinada.
Os dados fazem parte do estudo “Estatísticas e Gênero”, divulgado na última sexta pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, o IBGE.
Além de terem menor taxa de analfabetismo, de 9,1% contra 9,8% dos homens, as mulheres chegam mais ao nível superior, com 15,1% da população de 18 a 24 anos, enquanto os homens somam 11,3%.
Também no ensino médio as mulheres estão mais presentes na escola entre os 15 e 17 anos, com 52,2% de frequência, contra 42,4% dos homens.
Mesmo com este cenário, o rendimento mensal médio das mulheres equivalia a 68% do masculino em 2010. Segundo o IBGE, um dos motivos alegados é a maternidade, pois uma vez que seus parceiros não dividem o trabalho da casa, muitas vezes os cuidados com pessoas da família e os serviços domésticos ainda estão apenas a cargo delas.
A diretora executiva do Sindicato e coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC, Ana Nice Martins de Carvalho (foto), notou que mulheres e homens têm salários parecidos no início da carreira, mas as diferenças se agravam ao longo da vida.
“Nosso desempenho depende da escolarização, mas também de políticas públicas que permitam que tenhamos onde deixar as crianças para trabalhar e da legislação trabalhista”, afirmou a dirigente. “Isso pesa a partir do momento em que as licenças maternidade e paternidade são muito diferenciadas”, concluiu Ana Nice.
Emprego formal cresce entre as trabalhadoras
Durante análise da pesquisa, Ana Nice apontou que as mulheres em idade ativa, empregadas ou que estão procurando trabalho, passou de 50,1%, em 2000 para 54,6%, em 2010.
“Em uma década, a diferença entre os gêneros diminuiu de 30 pontos percentuais para 21, saindo de 59,8% e chegando a 38,6%”, comemorou a dirigente.
Já a taxa de atividade dos homens caiu de 79,7% para 75,7%. Para o IBGE, a redução de quatro pontos percentuais está associada com o aumento do número das pessoas que não trabalham nem procuram emprego.
Quando analisada a formalização desse trabalho – que garante direitos como férias, 13º e FGTS –, o estudo mostra que os homens tiveram um crescimento maior no emprego com carteira assinada que as mulheres.
Em 2000, por exemplo, 50% dos homens e 51,3% das mulheres tinham emprego formal, valores que aumentaram para 59,2% e 57,9% , respectivamente, em 2010.
Entre as mulheres empregadas, 19,2% têm nível superior, enquanto os homens somam 11,5%. Na outra ponta, 45,5% dos homens que trabalham não têm instrução ou declaram ter o ensino fundamental incompleto, taxa que é de 34,8% entre as mulheres.
Da Redação