Mais de 15 mil trabalhadores iniciam ato em frente à Mahle Metal Leve, em São Bernardo
Além dos dirigentes do Sindicato, a manifestação conta com a presença do presidente da CUT, Artur Henrique. Durante a caminhada até o local as opiniões foram unânimes, ninguém aceitará redução de salários
Ato organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pela CUT reúne, desde às 8 horas desta terça-feira (20), mais de 15 mil trabalhadores em ato diante da indústria de autopeças Mahle Metal Leve, em São Bernardo, em defesa do emprego e pela superação da crise econômica, sem demissões nem corte de salário.
Além do presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, e de diretores da entidade, a manifestação conta com a presença do presidente da CUT, Artur Henrique, de políticos da região e de diversas lideranças sindicais.
A mobilização teve início por volta das 6h30, quando cerca de 5.000 trabalhadores na Ford do Taboão, em São Bernardo, interromperam a produção e saíram em passeata pelas ruas no entorno da montadora e se dirigiram a autopeças Rassini.
Lá, os metalúrgicos também interromperam a produção e se juntaram ao movimento. Seguindo pelo acostamento da Via Anchieta, a caminhada chegou até a Mercedes-Benz, onde mais de seis mil trabalhadores já aguardavam. Uma imensa passeata saiu, então, do pátio da montadora alemã e foi caminhando até a autopeças Mahle Metal, onde outros dois mil metalúrgicos já haviam interrompido a produção.
Cerca de 15 mil metalúrgicos, então, iniciaram um ato público que continuava até por volta das dez horas.
Durante a caminhada até o local as opiniões são unânimes, ninguém aceitará redução de salários. “Além de não ajudar o País a sair da crise, a redução salarial torna o problema ainda maior e coloca sobre as costas do trabalhador todo o ônus da situação. O objetivo do ato e da audiência com Lula é mostrar o caminho a ser seguido que consideramos certo”, afirma Sérgio Nobre.
Para o dirigente, redução de salário funciona apenas em países desenvolvidos, onde o ganho é elevado. “No Brasil, 70% dos trabalhadores recebem até dois salários mínimos por mês, o que torna a redução salarial socialmente perversa, porque o assalariado perde poder de comprar alimentos, de pagar seu aluguel; a medida é também recessiva porque inibe o consumo e, pior ainda, é uma medida desagregadora porque, em momento de crise, o mais importante é que trabalhadores, Poder Público e empresários remem unidos na mesma direção”, analisa o presidente dos Metalúrgicos do ABC.
Os companheiros querem continuar a produzir cada vez mais pelo desenvolvimento econômico do País. Sérgio Nobre diz que o caminho o certo é discutir medidas que reaquecem a economia e garantam a manutenção dos empregos. “Só sairemos da crise com medidas bem diferentes do corte de salário: investimento, produção e estimulo e condições de consumo. Para isso, o governo tem de baixar a taxa de juros, os bancos devem reduzir o spread”, disse.
O objetivo é apresentar à categoria uma agenda de combate ao desemprego e à crise, além de denunciar que a proposta de reduzir jornada de trabalho com corte de salário é ineficaz, perversa, recessiva e desagregadora, porque apenas aprofundará ainda mais a crise.
Da Redação