Mais de 90% dos assassinatos no campo não são julgados, aponta CPT
A impunidade pela falta de julgamento prevalece nas ocorrências de violência no campo ocorridas no Brasil. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), dos casos de assassinatos em conflitos agrários ocorridos desde 1985, apenas 8% foram julgados. Entre os mandantes condenados, apenas um continua preso – o acusado pelo assassinato da missionária Dorothy Stang, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura.
Nos últimos 26 anos, a CPT registrou 1.186 ocorrências que vitimaram 1.580 pessoas. Deste total, houve apenas 94 condenações. Os estados da Amazônia Legal concentram a maioria dos casos, o que corresponde a 641 ocorrências. Somente no Pará – estado com maior número de mortes no campo – foram registrados 408 casos, contabilizando 621 mortes.
Nestes números não constam os últimos assassinatos ocorridos na região Norte do país, entre eles o do casal de extrativistas assassinados em Nova Ipixuna (PA). Após essa onda de violência, o governo federal se comprometeu a adotar medidas de proteção às vítimas de ameaças de morte, regularização fundiária na região e operações de controle do desmatamento ilegal.
A CPT aponta que ocorre no Brasil “uma contra-reforma agrária” e que “é uma falácia o tal desmatamento zero”, em nota divulgada após os últimos assassinatos.
Da Radioagência NP