Mais de duas mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão em 2024

O Sistema Ipê é um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão disponível pela internet (ipe.sit.trabalho.gov.br). Denunciante não precisa se identificar

Foto: Adonis Guerra

Mais de dois mil trabalhadores e trabalhadoras em situação análoga à escravidão foram resgatados em 2024, segundo dados divulgados ontem pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) no Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo. A prática é configurada quando o trabalhador está submetido, junto ou isoladamente, a situações de cerceamento de liberdade, condição degradante, jornada exaustiva ou servidão por dívida.

“É uma afronta aos direitos humanos e à dignidade da classe trabalhadora”, afirmou o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno. “A cooperação entre o governo federal e as entidades sindicais é fundamental nesse enfrentamento. Políticas como o Disque 100, um canal direto para denúncias e a articulação internacional do governo para combater esse crime são passos importantes”.

As fiscalizações ocorreram em todo o território nacional, tanto pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel quanto pelas unidades regionais do Ministério do Trabalho nos estados. Em 2024, de acordo com a CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas), as áreas com maior número de resgatados foram construção de edifícios; cultivo de café; cultivo de cebola; serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita; e horticultura.

Os números revelam ainda crescimento significativo de trabalhadores resgatados em áreas urbanas, que representaram 30% do total de pessoas em condições análogas à escravidão identificados no período. “Nossa luta não pode parar. Precisamos continuar pressionando para que o Brasil não tolere mais esse tipo de exploração. Que o 28 de janeiro seja um dia de reflexão, mas também de ação”, disse Wellington.

Luta

Foto: Divulgação

Nos últimos 30 anos, o governo federal resgatou cerca de 65,6 mil pessoas em condições de trabalho análogas à escravidão no Brasil, em mais de 8,4 mil ações fiscais. O levantamento considera os resultados desde 1995, ano em que foi reconhecida oficialmente a existência de formas contemporâneas de escravidão.

O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi criado em homenagem aos auditores-fiscais do Trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, além do motorista Aílton Pereira de Oliveira, que foram assassinados em Unaí, no dia 28 de janeiro de 2004, quando investigavam denúncias de trabalho escravo em uma das fazendas de Norberto Mânica. O episódio ficou conhecido como a chacina de Unaí.

Denuncie

O Sistema Ipê é um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão disponível pela internet (ipe.sit.trabalho.gov.br). O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.