“Mandato não é cheque em branco. Só com organização e luta conseguiremos virar esse jogo”
Pesquisa mostra que maioria dos deputados atua contra propostas que beneficiam a classe trabalhadora, como a redução da jornada e a justiça tributária

Os Metalúrgicos do ABC denunciam mais uma vez a postura da maioria da Câmara dos Deputados, que tem atuado contra os interesses da classe trabalhadora. Pesquisa divulgada ontem pela Quaest revela que 70% dos parlamentares são contrários ao fim da jornada 6×1, uma das principais bandeiras do movimento sindical. Além disso, a maioria também rejeita propostas como a taxação dos super-ricos. Ou seja, seguem legislando a favor de uma minoria privilegiada, enquanto impõem sacrifícios à imensa maioria que vive do próprio trabalho.
A proposta rejeitada por grande parte dos deputados prevê a redução da jornada máxima semanal para 36 horas. A medida acabaria com a escala exaustiva de seis dias de trabalho por apenas um de descanso, permitindo mais tempo para o cuidado com a saúde, convívio familiar, qualificação profissional, lazer e até aumento da produtividade. Ainda assim, a resistência na Câmara é esmagadora, inclusive entre setores que se dizem independentes ou aliados do governo.
Entre os parlamentares da oposição ao governo federal, 92% rejeitam a proposta. Já entre os que se declaram independentes, 74% também são contrários. E mesmo entre os governistas, mais da metade (55%) rejeita a medida. O dado reforça que a luta da classe trabalhadora precisa se transformar em pressão direta e permanente sobre o Congresso Nacional. O levantamento foi realizado entre os dias 7 de maio e 30 de junho de 2025. Foram ouvidos 203 deputados, o equivalente a 40% da composição da Câmara.

Para o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, os dados apenas confirmam o que a categoria sente no dia a dia: “Vivemos num país onde a maioria do povo sobrevive com um ou dois salários mínimos, enquanto deputados votam para manter privilégios e barrar avanços para quem realmente move esse país. Como disse o ministro Haddad, ‘o Congresso defende a minoria do andar de cima’. Por isso, não podemos baixar a guarda. Só com mobilização popular vamos avançar na conquista de direitos e valorização da classe trabalhadora”.
Rejeição à justiça tributária
Quando o tema é a taxação dos super-ricos, a resistência se repete. Os mesmos parlamentares que se opõem ao fim da escala 6×1 são contrários a que os mais ricos contribuam de forma justa com o país. Enquanto isso, o povo segue pagando a conta, com uma carga tributária injusta, que recai principalmente sobre o consumo e os salários.
“Não basta eleger um presidente com compromissos com o povo. Precisamos olhar com atenção para quem colocamos no Congresso. São os deputados e senadores que votam os projetos que impactam diretamente a vida da classe trabalhadora. E a maioria deles, como vemos agora, atua contra o nosso lado”, reforçou Wellington.
O Sindicato destaca que propostas como a redução da jornada, o fim da escala 6×1 e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês só sairão do papel com pressão organizada, seja nas ruas, nas fábricas, nos bairros e nos locais de trabalho.
“Mandato não é cheque em branco. Precisamos cobrar cada parlamentar eleito, participar dos plebiscitos populares, assinar petições, pressionar nas redes, nas urnas e nas ruas. Só com organização e luta conseguiremos virar esse jogo”, conclui o dirigente.