Mangels e Fris, duas histórias bem diferentes

Mobilização e diálogo garante direitos na Mangels. Falta de respeito dos patrões faz luta na Fris durar seis anos, ainda sem solução


Assembleia na Mangels aprovou acordo. Foto: Paulo de Souza / SMABC

A Mangels, em São Bernardo, encerra suas atividades nesta quinta-feira (27) e, depois de muita mobilização na fábrica e negociação entre Sindicato e empresa, todos os trabalhadores receberão um pacote de indenizações e benefícios.

Situação oposta é enfrentada pelos companheiros na Fris Moldu Car, também em São Bernardo. Seis anos após o encerramento das atividades e de intensa luta, os cerca de 400 companheiros na fábrica ainda não receberam o que os patrões devem e o caso se arrasta na justiça sem previsão de fim.

“Os casos mostram que mesmo quando uma empresa quer encerrar suas atividades ela deve respeitar o trabalhador. A Fris infelizmente não enxergou isso, enquanto na Mangels a situação foi diferente” afirmou Nelsi Rodrigues, o Morcegão, coordenador de São Bernardo. 

Caso Mangels
“Mesmo com o anúncio de fechamento da Mangels, os companheiros  comprovaram seu histórico de combatividade e garantiram seus direitos, além de um pacote”, relembra o dirigente.

A batalha dos companheiros terminou com a conquista de um pacote de indenizações com valor total R$ 35 milhões que será dividido entre a companheirada.

Eles terão pagamento indenizatório adicional proporcional ao tempo de casa, segunda parcela de PLR sem metas e outras conquistas.

Além disso, a Central de Trabalho e Renda (CTR) de São Bernardo irá até a fábrica para cadastrar os trabalhadores no sistema de busca de emprego.

“A mão de obra que estava empregada na Mangels é de altíssima qualificada e tenho certeza que não terá problemas em encontrar nova colocação”, reforça Morcegão. O telefone da CTR é o 4128-1230. 


Passeata dos trabalhadores na Fris. Foto: Raquel Camargo / SMABC

Caso Fris
A má gestão administrativa e financeira e a falta de respeito aos metalúrgicos na Fris Moldu Car fez com que os companheiros acampassem por quase dez meses na frente da fábrica na luta para receber seus direitos. O movimento teve início em 21 de fevereiro de 2007.

“A fábrica não pagava os salários, as férias e não recolhia o Fundo de Garantia nem a Previdência” recorda Edson Ferreira da Costa, coordenador Comissão de Fábrica da empresa na época e atualmente representante legal dos trabalhadores na Fris.

Em julho teve de 2007 começou o processo de recuperação judicial da empresa e em 2009 o prédio foi vendido, com a destinação de uma pequena parte do valor arrecadado para o pagamento das verbas.

A Fris não aceitou a decisão e recorreu judicialmente da venda e desde então o caso se arrasta nos tribunais. “No meio do processo, o juiz Gersino do Prado, que cuidava do caso, saiu por acusação de corrupção, depois houve três substituições de juízes”, disse Edson. “Ele já foi substituído por três juízes e o processo não avança”, protesta.

 “Ainda temos esperança que seja feita a justiça depois de seis anos e os donos da Fris paguem o que nos devem”, finalizou o dirigente.

Da Redação