Manifestantes fazem ‘escracho’ contra Prevent Senior e Bolsonaro
Levante Popular da Juventude tingiu de vermelho a fachada da operadora de planos de saúde em São Paulo, em memória das vítimas do “kit covid” e contra outras práticas ilegais
Foto: Divulgação
Ato serviu para denunciar “aqueles que lucraram com a morte de milhares de pessoas”
São Paulo – Integrantes do movimento Levante Popular da Juventude promoveram nesta quinta-feira (30) um “escracho” na sede da Prevent Senior, em São Paulo. A fachada da empresa foi tingida de vermelho pelos manifestantes para denunciar o sangue derramado dos pacientes com covid-19 que morreram em decorrência dos experimentos e práticas ilegais adotadas pela Prevent Senior. Também espalharam notas falsas de dólar, simbolizando o lucro acima das vidas.
Eles afirmam que os óbitos poderiam ter sido evitados, se não fosse o “negacionismo” e a “política de morte” adotada pela operadora, em conluio com o governo do presidente Jair Bolsonaro.
O ato durou cerca de 15 minutos. E foi embalado por gritos como “Prevent assassina” e “Prevent mata e chama óbito de alta”. Além disso, os manifestantes também empunhavam cartazes com dizeres como “Prevent assassina” e “Bolsonaro genocida”.
Privatização da vida
“Manchamos a Prevent Senior com tinta vermelha e espalhamos os dólares de Bolsonaro para denunciar aqueles que lucraram com a morte de milhares de pessoas”, disse a vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) Julia Aguiar, integrante da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.
“A empresa fez tudo isso com apoio do Governo Federal, pois tinha relação direta com o gabinete paralelo, que organizou esquemas de corrupção na compra de vacinas da Covaxin e que estimula instituições que fomentam o uso do Kit Covid”, acrescentou.
Os manifestantes afirmam que o escracho também denúncia a “falácia” da privatização dos serviços essenciais. Dizem defender acreditar numa saúde “pública e universal”, feita com base na ciência, que cuida e prioriza a vida do povo brasileiro.
Caso Prevent
Na última terça-feira (28), a advogada Bruna Morato, que representa médicos que denunciaram a Prevent Senior, disse à CPI da Covid que a empresa obrigava a prescrever o chamado “kit covid”, desrespeitando a autonomia médica. Além da utilização de medicamentos sem eficácia, ela também denunciou que a operadora fraudava atestados de óbitos dos pacientes, removendo a covid-19 dos registros.
Além disso, a denunciante afirmou que a Prevent Senior teria fechado uma “aliança” com grupo de médicos que assessorava o governo federal. Conhecido como “gabinete paralelo”, esse grupo estaria “totalmente alinhado com o Ministério da Economia”, segundo a testemunha. Anteriormente, ela já havia encaminhado à Comissão um dossiê com indícios que corroboram as denúncias.
Ela também relatou que os trabalhadores dos hospitais eram orientados a atuar sem equipamentos de proteção individual – como máscaras e luvas –, mesmo que estivessem contaminados. Não bastasse tudo isso, a empresa também orientava a redução do fluxo dos respiradores de oxigênio dos pacientes em terapia intensiva, induzindo-os à morte.