Mantega cobra mais ousadia de empresários enquanto economia melhora
"Falta retomar o investimento, que está ficando para trás. Não houve uma reação do investimento", provoca o ministro da Fazenda
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a cobrar “ousadia” dos empresários, argumentando nesta quinta-feira (15), que apesar da melhora recente, a economia brasileira ainda enfrenta desafios.
“Falta ousadia neste momento ao setor produtivo”, disse durante evento em São Paulo. “Falta retomar o investimento, que está ficando para trás. Não houve uma reação do investimento”.
Mantega afirmou que as empresas que esperarem o uso da capacidade instalada subir além do patamar de 80 por cento para só então investir “vão ficar para trás”.
Após listar uma série de indicadores que mostram que o Brasil está saindo da crise global com fundamentos sólidos e sem comprometer sua credibilidade, como o nível elevado das reservas internacionais, Mantega afirmou que o problema hoje “não é falta de capital, mas excesso”.
Ele disse estar preocupado com um possível exagero no otimismo sobre a economia do país e um pouco com a valorização do real, mas ponderou que não tem como haver uma melhora como a que está acontecendo sem a moeda do país se apreciar.
Nesta sessão, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 1,70.
O ministro ponderou que, apesar da melhora recente no crédito, ainda “temos um longo trajeto para percorrer”.
Ele destacou a necessidade de um aumento dos financiamentos, citando que a taxa ao redor de 45% do Produto Interno Bruto (PIB) precisa crescer em bases sólidas, sem fazer “nenhuma aventura” para que possa haver uma redução de spread e das taxas de juros que ainda estão muito elevadas.
Mantega ponderou que não falava da Selic, que está em patamar mínimo histórico.
Segundo o ministro, os bancos públicos tiveram papel importante na normalização do crédito, mas os privados “estão acordando”.
Mantega reafirmou as projeções de que a economia brasileira crescerá em torno de 1,0% este ano, ajudada pelas ações de política monetária e fiscal do Governo, e cerca de 5,0% em 2010.
Citando os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) dos dois últimos meses, o ministro estimou que 2009 fechará com a criação de cerca de 1 milhão de empregos formais.
Da Reuters