Mantega quer proteger mercado de automóveis de ´aventureiros de fora´
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o Brasil “está aberto para qualquer empresa de qualquer parte do mundo” que faça investimento, crie empregos e auxilie no desenvolvimento tecnológico, mas não para “aventureiros que vêm de fora”.
Ao falar do aumento do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) sobre os carros importados nesta quarta-feira (28), o ministro defendeu a indústria nacional.
Não podemos deixar que nosso mercado de automóveis seja abocanhado por aventureiros que vêm de fora.
O presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), José Luiz Gandini, afirmou que não concorda com as declarações feitas pelo ministro. O setor emprega cerca de 40 mil brasileiros e geram bilhões de reais aos cofres públicos.
Nosso segmento é constituído hoje por mais de 800 concessionárias, a caminho de se completar mais de mil revendas até o final do ano. São, portanto, mais de mil empresários brasileiros, que empregam cerca de 40 mil trabalhadores brasileiros. As 27 marcas importadoras e suas respectivas redes autorizadas recolhem neste ano, em torno de R$ 6 bilhões aos cofres públicos em impostos, além dos valores já recolhidos nos 20 anos transcorridos desde a abertura das importações do setor automotivo. Isso não é aventura.
O presidente da entidade ainda disse que o Decreto 7.567, que aumenta os impostos sobre os veículos feitos fora do país, discrimina os preços finais dos veículos importados entre 25% e 28%.
É incompreensível que somente o governo não tenha percebido isso, em favor da indústria local, mais uma vez beneficiada por medidas protecionistas e nocivas ao país, concluiu Gandini.
Decisão
Neste mês, o governo decidiu aumentar os impostos de todo modelo de veículo que seja feito lá fora para beneficiar a indústria brasileira e melhorar a competitividade dos carros daqui em comparação com os de fora, principalmente os chineses.
No último dia 15, Guido Mantega explicou que os carros só não ficarão com imposto maior se tiverem, pelo menos, 65% de produção nacional. Para as peças do motor, carroceria, plásticos usados ou até mesmo a pintura, que não foram feitas no Brasil o IPI pode subir até 55%.
Diante da situação, muitas montadoras recorrem às liminares para suspender a medida imposta pelo governo. Na segunda-feira (26), mais duas montadoras conseguiram na Justiça adiar por 90 dias o pagamento das novas taxas sobre o imposto. Importadoras de Ribeirão Preto (SP) e Vitória (ES) foram beneficiadas pela medida.
Recentemente o Uruguai ameaçou repensar sua permanência no Mercosul (Mercado Comum do Sul) por conta do aumento dos impostos sobre os carros importados. O bloco é integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
A secretária de Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Heloisa Meneses, informou nesta terça-feira (27) que o Brasil pode abrir uma exceção para o Uruguai em relação ao aumento.
Luis Porto, vice-ministro de Economia e Finanças do Uruguai, comemorou a isenção, mas disse que os negócios com o Brasil não são tão significativos.
A medida foi muito significativa para o Uruguai, mas o comércio é pouco significativo para o Brasil.
Do R7