Marcha por direitos é atacada pela PM em Brasília
(Foto: Lula Marques/ Agência PT)
Manifestantes na Marcha e Ocupação de Brasília foram atacados ontem pela polícia militar com bombas de gás e de efeito moral, tiros, spray de pimenta e cavalaria. Os metalúrgicos do ABC se juntaram aos trabalhadores de todo o Brasil no ato organizado pela CUT, demais centrais sindicais e movimentos sociais contra as reformas da Previdência e Trabalhista e para pedir Fora, Temer e Diretas Já.
A concentração foi no estádio Mané Garrincha e a marcha seguiu rumo ao Congresso Nacional.
“É absurdo o uso da truculência em uma manifestação pacífica da classe trabalhadora na defesa legítima do que queremos para o País. Temos que lutar pela recomposição da vida política do Brasil por meio de Diretas Já e defender medidas de retomada do crescimento econômico com justiça social”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.
“A mobilização foi importante para mostrar nossa posição totalmente contra as reformas. Temos que tirar de cena a pauta derrotada no mundo afora de que a retirada de direitos dos trabalhadores gera empregos. Essa é uma mentira vergonhosa que o governo e a imprensa comercial contam”, continuou.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que pediu o apoio da Força Nacional. Enquanto o ato ocorria, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, chamou coletiva de imprensa para informar que Temer decretou o uso das Forças Armadas para proteger o Planalto e os ministérios.
O decreto da “Garantia da Lei e da Ordem” no Distrito Federal concede provisoriamente aos militares a atuação com poder de polícia. Foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União e vale até dia 31.
“Temer e Maia tomaram essa atitude autoritária e covarde porque é fácil votar contra o trabalhador na calada da noite, mas não com os trabalhadores nas ruas”, criticou Rafael.
A decisão também foi criticada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello. “Espero que não seja verdadeira”, disse ao se referir à informação.
Os senadores da oposição usaram o Plenário para pedir posicionamento sobre o decreto assinado por Temer. “O presidente da República extrapolou as suas competências e tomou uma decisão que compromete a democracia brasileira”, afirmou o senador Humberto Costa, do PT-PE.
DIRETAS JÁ
O presidente da CUT, Vagner Freitas, defendeu a eleição direta para presidente da República. “O que importa é que viemos enfrentar esses golpistas, que agora não conseguem completar o golpe com as reformas Trabalhista e da Previdência”, explicou.
“É importantíssimo que não tenha o golpe dentro do golpe. Não vamos aceitar que este Congresso que elegeu Eduardo Cunha eleja um presidente da República. Vamos fazer uma greve geral maior do que a do dia 28”, ressaltou.
Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, os ataques são uma prévia do que o governo é capaz.
“Isso lembra os piores tempos da ditadura militar. Mal a marcha chegou ao Congresso e já começou a ser reprimida com bombas em mulheres, crianças e trabalhadores que estão aqui só para defender seu direito de trabalhar livremente, ter um sistema de Previdência que funcione e legislação trabalhista”, afirmou.
“Se acham que vão nos intimidar, não vão. Vamos continuar nas ruas e reconquistar a democracia neste País”, prosseguiu.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, o Paulão, ressaltou a importância da democracia para todos os brasileiros.
“Temos que fazer o enfrentamento contra essas reformas nocivas à classe trabalhadora, mas também queremos Diretas Já e um governo eleito pelo povo. É assim que funciona a democracia e que não tenha mais golpe”, disse.