Março marca luta constante das mulheres por diretos e igualdade

Na categoria metalúrgica elas representam 16%, sendo que nas montadoras são apenas 11%. Dados do Fórum Econômico Mundial, apontam que a paridade de gênero no mercado de trabalho no mundo só será alcançada em 136 anos

O mês de março marca a todo ano as lutas encapadas pelas mulheres em todo o mundo por direitos, melhores condições de trabalho, contra a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e na sociedade. Apesar dos avanços, a pandemia do coronavírus fez regredir a situação da mulher, principalmente no que diz respeito à empregabilidade.

Dados do Global Gender Gap Report 2021, do Fórum Econômico Mundial, apontam que a paridade de gênero no mercado de trabalho perdeu espaço no mundo. Segundo o relatório, o tempo necessário para que a equidade seja alcançada passou de 100 para 136 anos, em decorrência dos efeitos da pandemia.

Hoje na base metalúrgica do ABC, num total de 68.565 trabalhadores, 11.085 são mulheres (16%). Sendo que nas montadoras elas representam apenas 11% do total.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

“Por mais que a gente lute pela contratação de mulheres, nossa categoria é majoritariamente masculina e ainda teremos muitas lutas para que isso mude. Apesar da tecnologia, as empresas metalúrgicas ainda têm resistência, principalmente as montadoras, na contratação de trabalhadoras”, destacou a diretora executiva do Sindicato, Michelle Marques.

A dirigente frisou ainda um outro obstáculo, alcançar cargos de chefia. “Na sociedade e em outras empresas observamos avanços, mas no ramo metalúrgico não podemos dizer o mesmo em relação aos cargos de poder. Ainda há muitas dificuldades para as mulheres chegarem à chefia”.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

Reforma Trabalhista

Michelle ressaltou os retrocessos desde o governo Temer, inclusive com a reforma Trabalhista que atestou, por exemplo, que a mulher grávida pode trabalhar em área insalubre.

“Esse foi um grande debate que enfrentamos, conseguimos um avanço na Câmara que se elas tivessem o atestado da empresa, conseguiriam sair. Só que o médico da empresa só vai fazer o que a direção manda. Essa reforma não avançou em nada e prejudicou a trabalhadora”.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

Home office

Michele ressaltou ainda as demandas maiores que recaíram sobre as mulheres durante a pandemia. “A pandemia foi um grande desafio para as mulheres. Muitas na nossa base acham o home office uma coisa boa, mas pode haver uma exploração ainda maior e agravar a situação das trabalhadoras. Precisamos estar atentas”.

8 de março

“O 8 de março precisa sempre se renovar para que a gente fale com a juventude, já que muitas ainda não se identificam com a causa. É uma luta difícil, pois somos a maioria na sociedade brasileira, mas nos direitos ainda somos vistas como minoria. Precisamos avançar tanto na política como no movimento sindical”, completou.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

Mulheres no mundo

Segundo dados do Banco Mundial que constam no relatório Mulheres, Empresas e o Direito 2022 divulgado na última terça, 1º: 

• Cerca de 2,4 bilhões de mulheres têm menos oportunidades e direitos econômicos que homens no mundo;

• 178 países (93,6%) mantêm barreiras legais que impedem a participação econômica plena das mulheres;

• 95 países (50%) não garantem a remuneração igualitária para trabalhos de igual valor;

• 86 países (45%) têm restrição ao mercado de trabalho;

• Apenas 12 países (6,3%) têm condições iguais para homens e mulheres em todas as áreas.