Massacre no Iraque: Nos hospitais, aumentam as baixas infantis
Os gemidos de Aisha Ahmed, de 8 anos, enchem a sala de emergência do hospital. Uma das centenas de vítimas infantis da guerra no Iraque, ela perdeu um olho e seu rosto e corpo estão cobertos de feridas, do que deve ter sido uma tempestade de estilhaços.
“Mamãe! Quero minha mamãe! Onde está minha mamãe?”, a menina não parava de murmurar. Mas nem a enfermeira nem a vizinha que tentavam consolá-la ousavam responder.
Mohammad, 4, o irmão mais novo de Aisha, morreu, e sua mãe e outro irmão estão em condições críticas. O pai e duas irmãs sofreram ferimentos sérios e estão em outro hospital.
Aisha estava com um primo e vizinhos brincando no jardim durante um intervalo nos combates quando o míssil explodiu, relata Samia Nakouf da Agência Reuters de Notícias. Ela foi uma das jornalistas feridas no ataque ao hotel de Bagdá onde a imprensa se hospedava.
Feridas no estômago e intestino – “Ouvimos os aviões e depois uma grande explosão. Vimos casas em chamas e corremos para resgatá-los e removê-los de sob os destroços. Não esperávamos que civis fossem atacados em um momento de pausa nos combates”, disse um vizinho da menina à repórter.
Outra criança, Mohammad Kazem, 7, estava na cama ao lado, recebendo soro. Foi atingido por um estilhaço no estômago quando um míssil caiu em uma área de perto de sua casa, a oeste de Bagdá.
Mohammad al-Jamal, 6, também estava gritando devido aos ferimentos. Ele estava do lado de fora de sua casa quando um míssil explodiu, matando duas pessoas e ferindo-o no estômago e nos intestinos. Seu pai e mãe liam versos do Corão para ele, dizendo que tudo ficaria bem porque “Deus tomaria conta dele”.
Crianças confusas e deprimidas – As mães no hospital trocam informações sobre os traumas de seus filhos. Muitas falam de crian-ças aterrorizadas chorando sem parar e tremendo quando ouvem os bombardeios. Elas dizem que as crianças se recusam a comer e não conseguem dormir.
As mães contam que seus filhos estão confusos e deprimidos. Há pouco que se possa fazer para distrai-los durante o dia, e muitos temem a noite, quando os bombardeios recomeçavam.