Massacre no Iraque: Revolta contra os EUA
Nos últimos 12 dias, pelo menos 70 soldados das tropas de ocupação americana e 600 rebeldes morreram no Iraque com a intensificação dos conflitos entre os dois lados. Um ano após a queda de Bagdá e o fim da ditadura de Saddam Hussein, os EUA estão longe de controlar o país. Ao contrário, o Iraque está cada vez mais perto de se tornar completamente ingo-vernável.
Antes da invasão, os americanos temiam que a derrubada de Saddam provocasse uma guerra civil entre as duas grandes facções muçulmanas do país, sunitas e xiitas, separadas por 1,3 mil anos de divergências na interpretação da religião.
Por serem da mesma orientação que Saddam, durante o regime do ditador os sunitas oprimiram os xiitas. Isto ocorreu apesar dos sunitas representarem apenas 40% da população enquanto os rivais representam os outros 60%.
Como os xiitas são maioria, os EUA acreditavam que com o fim do poder de Saddam eles partiriam para a vingança contra os adversários, provocando a guerra civil. Não foi o que ocorreu. Cada um ficou em sua região aguentando o crescimento das hostilidades americanas.
Isso durou até o final do mês passado, quando os Estados Unidos colocaram em ação uma vio-lenta operação na cidade de Fallujah, a 50 km de Bagdá, em represália à morte de quatro mercenários americanos que depois tiveram os corpos arrastados pelas ruas.
Só que a truculência dos americanos produziu o contrário do que esperavam. Em vez de assustar a população, os EUA conseguiram que xiitas e sunitas se levantassem contra o invasor ianque. Não é uma reação organizada no sentido das forças se unirem regularmente e atacarem o inimigo comum. Mas já se trata de um levante popular tão poderoso, que levou o ministro Jack Straw, da Inglaterra, a declarar na sexta-feira: “A situação atual é a mais séria que nós já enfrentamos”.