Matança: Polícia mata 93 suspeitos em cinco dias

Desde sexta-feira à noite 93 pessoas consideradas suspeitas foram mortas em São Paulo. O aumento do número de chacinas praticadas por assassinos de blusa preta e capuz ninja, além de mais suspeitos mortos pela PM, levam pânico aos bairros mais pobres da periferia.

O aumento do número de chacinas praticadas por assassinos de blusa preta e capuz ninja, além de mais suspeitos mortos pela PM, estão levando pânico entre a população dos bairros mais pobres da periferia de São Paulo e de outras cidades do interior.

Desde sexta-feira à noite a polícia matou 93 pessoas consideradas suspeitas. Em cinco dias a polícia assassinou mais do que nos últimos três meses do ano passado.

Foram registradas oito chacinas com 31 mortes e em todas elas a população denuncia ação de policiais à paisana.

No Parque São Rafael, encapuzados atiraram em cinco jovens no domingo às 19h30 numa rua cheia de gente, ao lado de uma igreja.

Eles receberam tiros na cabeça. Tinham idade entre 21 e 29 anos, trabalhavam e não tinham passagem pela polícia. Eram todos negros.

Na manhã daquele dia um PM havia sido assassinado a cerca de 500 metros da chacina.

Em Osasco, dois jovens de 18 anos foram assassinados por homens encapuzados vestidos de preto. Os dois eram pizzaiolos.

“Há grupos de extermínio pela cidade”, denunciou José Fagundes, pai de Rodrigo, um dos jovens mortos.

O pai foi reconhecer o filho no IML e disse que viu outros dez jovens baleados na cabeça. Todos negros.

Funcionários do IML disseram que dezenas de corpos aguardavam identificação.

O estudante Paulo Ricart do Vale, 17 anos, foi morto por PM por suposta resistência à prisão, acusado de ter participado de ataque a duas bases da PM na Zona Leste.

No BO, os policiais disseram que ele estava com bilhete do PCC escondido na meia ordenando os ataques. A família disse que ele havia saído de casa de chinelo.

Na Zona Norte, atiradores com blusa preta e capuz mataram o motorista Ricardo Flauzino na segunda feira, que estava sentado numa escada perto de sua casa.

A mulher do cabeleireiro Lindomar Lino da Silva, pai de duas filhas, foi assassinado pela polícia quando voltava para casa depois do trabalho. No BO, os três disparos foram registrados como de autoria desconhecida.

O governo precisa explicar

O ouvidor da polícia Antônio Funari Filho disse que existem várias situações estranhas.

“Dois crimes ocorreram em locais públicos e os policiais que atenderam a ocorrência disseram não ter encontrado nenhuma testemunha”.

Para o professor de direito Flávio Gomes “o governo precisa explicar se inocentes estão sendo mortos por esquadrões da morte”.