Medicamentos e chips, o que têm em comum?
Não vou falar das bombas de infusão de medicamentos, nem de medicamentos raros ou muito específicos. Estão faltando medicamentos comuns, no mundo inteiro.
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Na Europa, França está com falta de paracetamol e alguns remédios para diabetes. Reino Unido? Amoxicilina. E no Brasil? O problema é maior.
Historicamente, a indústria farmacêutica nacional não tem incentivos para garantir a maior parte do abastecimento interno, o que piorou com o desmonte de diversas políticas sociais a partir de 2017.
As consequências da falta de medicamentos no Brasil atingem todo o sistema de saúde. Faltam remédios na rede pública, na privada, nos postos e nas farmácias. De acordo com a CNM (Confederação Nacional dos Municípios, a escassez atingiu 80% das cidades brasileiras entre maio e junho.
Na ocasião, quase metade das prefeituras consultadas afirmou que a escassez já durava mais de um mês. Para mais de 65% faltava o básico, como o antibiótico amoxicilina e o composto analgésico, anti-inflamatório e antitérmico dipirona.
E o chip? À semelhança da falta de chips para produção de automóveis, uma grande parte dos insumos para fabricação de medicamentos é feito na Índia e China, que produzem entre 60 a 80% desses insumos. Como exemplo, a Coronavac precisa de um insumo da China para ser produzido aqui.
Portanto, de novo, globalizar a produção de um produto universalmente utilizado pode, em escala, diminuir o seu custo. Mas facilita, em muito, que ocorra escassez dos mesmos, por problemas e argumentos vários, verdadeiros e enganosos, que variam do excesso de demanda a um problema local e pontual, nesses países-chave.
Precisamos, todos, ter capacidade mínima de produção daqueles produtos que são fundamentais à sobrevivência do país. Se você só compra pão em uma padaria, vai acabar sem café da manhã.
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Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente