Meirelles propõe ajustes no sistema financeiro
A primeira proposta é melhorar as práticas de gerenciamento da liquidez, com o objetivo de ter uma maior transparência em relação aos riscos. Outra é ampliar as áreas de supervisão sobre as instituições que já são supervisionadas
O presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, apresentou aos ministros das finanças ibero-americanos quatro propostas para a regulação dos mercados financeiros para evitar que crises como a atual se repitam. No discurso de Meirelles, o foco foi a defesa de regulação e supervisão financeiras reforçadas.
O encontro de um dia no Porto faz parte da reunião extraordinária dos ministros de finanças e presidentes de bancos centrais ibero-americanos e tem como objetivo formular uma posição comum de Brasil, Portugal, Espanha e outros países da América de língua espanhola para ser apresentada na reunião do G-20, em abril.
A primeira proposta é melhorar as práticas de gerenciamento da liquidez, com o objetivo de ter uma maior transparência em relação aos riscos. Outra é ampliar as áreas de supervisão sobre as instituições que já são supervisionadas.
Meirelles também propôs uma regulação mais rigorosa das instituições financeiras mais importantes. E, por fim, melhorar os mecanismos de liquidez de emergência e de resolução de crises.
Segundo Meirelles, a mudança não deve ser feita de repente. “O aperfeiçoamento regulatório terá de ser feito gradualmente para que os novos requisitos não venham a se sobrepor às naturais dificuldades enfrentadas pelas instituições financeiras não só pela crise de confiança conjuntural como pela contração de atividade que já alcançou o setor não-financeiro.”
Meirelles alertou que a atual regulação amplia os riscos nos períodos de expansão econômica e amplia os problemas no período de retração. Para evitar essa situação, o presidente do BC propõe forçar os bancos a reconhecerem o maior nível de risco de crédito nos seus balanços. Em relação à liquidez, Meirelles prevê a existência de planos de contingência para situações de estresse que incluam todas as áreas de negócio das instituições financeiras.
Mesmo com as propostas, ele não defende mudança radical do sistema nem o fim das inovações financeiras. “Prevemos um sistema que mantenha muitas das características atuais, mas que se desenvolva como resposta à crise. O sistema continuará global, interconectado e confiante no livre comércio.”
Da Agência Estado