Melhores salários contra a especulação
Em dois atos, metalúrgicos da CUT entregaram ontem as pautas de reivindicações da campanha salarial. As críticas se voltaram aos empresários e à imprensa por criarem um ambiente histérico de inflação.
Cerca de 2.000 metalúrgicos,
representando 1
milhão de trabalhadores
de todo o País, realizaram
ontem manifestação na
capital para entregar aos
grupos patronais a pauta de
reivindicações da campanha
salarial. Pela manhã houve
ato na Av. Paulista para a
entrega da pauta à Fiesp e
à Associação Brasileira de
Fundição.
À tarde, depois de caminhada
pela Av. Indianópolis,
a pauta foi entregue
ao Sindipeças e ao Sinfavea,
o sindicato das montadoras.
Sérgio Nobre, presidente eleito
do nosso Sindicato, alertou
que, mesmo com a indústria
automotiva batendo recordes
de produção, a campanha
não vai ser fácil”.
Inflação e salário –
Ele avisou que a grande
imprensa e os empresários
estão agindo de maneira
inconseqüente ao criar um
ambiente de histeria em relação
à inflação.
“Eles estão criando
ambiente para dizer que o
salário não pode ser reajustado
por causa da inflação,
quando todos nós sabemos
que esse é um argumento
mentiroso”, comentou.
Sérgio ressaltou a importância
de os metalúrgicos
fazerem uma campanha
forte. “Só assim o nosso
movimento vai ser vitorioso”,
afirmou.
O presidente da Confederação
Nacional dos
Metalúrgicos, Carlos Alberto
Grana, disse que os
metalúrgicos precisam fazer
de 2008 um ano marcante,
com um bom acordo.
Papel social –
“Precisamos avançar
em todo o País. É inacreditável
que ainda exista
metalúrgico que, contando
com o banco de horas, faz
54 horas semanais. Vamos
lutar por dignidade no trabalho”,
garantiu.
Já Walter Sanches, secretário-geral da Confederação,
disse que a categoria
tem um papel social importante,
pois os salários recebidos
somam mais de R$ 30
bilhões mensais.
“O reajuste salarial terá
efeito positivo para toda a
sociedade, impulsionando a
economia”, avisou ele.
Ele afirmou que uma
das lutas é pelo contrato
coletivo com piso nacional,
pois existem grandes
diferenças salariais para
trabalhadores exercendo a
mesma função.
Salário igual –
“A montadora vende
o carro pelo mesmo preço
em todo o País. Então,
queremos um salário igual”,
alertou. Sanches disse que o
fim das horas extras abriria
de imediato 170 mil postos
de trabalho no setor metalúrgico.
O presidente da Federação
dos Metalúrgicos
da CUT, Valmir Marques,
o Biro-Biro, disse que os
metalúrgicos não podem
permitir que o salário seja
corroído pela inflação.
“Nesta campanha vamos
fazer o debate de que
País queremos, entre um Brasil
com o atual crescimento
econômico ou um País com
inflação alta”, disse ele.
Campanha é nacional
Braguinha, Federação do Rio de Janeiro
“Nossa luta nacional é muito importante.
Neste ano, no Rio, começamos a mudar
a data-base para setembro”.
João Batista, Federação de Santa Catarina
“Esta é uma luta de todos e estamos
solidários com a campanha salarial”.
Delson, Federação de Minas Gerais
“Nossa força está na nossa união.
Ainda temos jornada de 44 horas
semanais e trabalhador que ganha R$
500,00 mensais”.
Eric, Metalúrgicos de São Carlos
“Temos de mostrar que estamos
buscando o que é nosso, que queremos
a nossa parte”.
José Carlos da Silva, Metalúrgicos de Cajamar
“Um dos nossos objetivos é melhorar
os pisos”.
Serjão, Metalúrgicos de Araraquara
“Temos de marcar posição no Grupo
10, com aumento dos pisos e dos
direitos. Só um trabalho forte pode
garantir esses avanços”.
Isaac, Metalúrgicos de Taubaté
“Se a economia vai mal o patrão quer
reduzir direitos, e quanto vai bem
não quer repartir o lucro. Vamos de
garantir um bom acordo, pois temos
responsabilidades com a base”.
Alessandro, Metalúrgicos de Salto
“O setor cresceu muito e queremos a
nossa parte, a nossa fatia”.
Terto, Metalúrgicos de Sorocaba
“Temos campanhas dos químicos,
petroleiros e bancários. Vamos fazer
um bom acordo, pois nossa categoria
é referência no País”.