Memória: Greve de 1917 paralisou São Paulo


Caminhada com bandeiras pretas parou o centro da Capital. Foto: Reprodução

No dia 16 de julho de 1917, milhares de trabalhadores aprovaram o fim da primeira grande greve brasileira, até aquele momento a maior de todas, que durante semanas paralisou a cidade de São Paulo. A greve terminou depois que o Comitê de Defesa Proletária negociou reajuste de salário entre 15% e 30% e os patrões ficaram de atender outras exigências como fim do trabalho infantil, fim do trabalho noturno para mulheres, garantia de trabalho permanente e jornada de 8 horas diárias durante cinco dias da semana.

A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociar com os trabalhadores e a considerá-los em suas decisões. Antes, e a greve mostrou isso, trabalhador era caso de polícia.

Nos bairros operários como o Brás, Moóca, Barra Funda, Ipiranga e Lapa os trabalhadores construíram barricadas com pedras, madeiras e carroças viradas para impedir a circulação das tropas armadas de fuzis e metralhadoras, que tinham ordem para atirar em todas as pessoas que estivessem paradas.

O estopim par a greve foi a morte do sapateiro José Martinez durante paralisação na fábrica Mariângela, no Brás. Em três dias, mais de 70 mil trabalhadores já haviam cruzado os braços. O povo estava passando fome. Em razão do aumento de exportação de alimentos para países europeus, por causa da 1ª Guerra Mundial, os preços dos alimentos subiram muito mais que o salário.

O movimento tinha inspiração anarquista, com a participação ativa dos imigrantes italianos e espanhóis e durante um mês a cidade viveu a agitação dos comitês de greve. O governo, impotente, mandava a polícia prender e espancar as lideranças grevistas. A Justiça expulsava do Brasil os líderes estrangeiros, acusados de traição.

As greves se espalharam por todo o País e foi decisiva para fazer avançar a consciência de classe operária, tanto que quatro anos depois, em 1921, foi fundado o Centro Comunista do Rio e no ano seguinte o Partido Comunista Brasileiro.

Da Redação